quarta-feira, 25 de março de 2015

Crônicas do Império Tanar

A cidade de Tanaren é a capital do Império Tanar, fundada por Tanartis, o Agricultor, que fugia do frio norte. A cidade prosperou, recebendo muitos imigrantes. Cada bairro tinha seu magistrado, e juntos formavam o Conselho dos Magistrados, que se reunia a cada semana na praça principal e, mais tarde, na Casa dos Magistrados.

Mas Tanaren tinha inimigos, cada vez mais raivosos, conforme a cidade crescia e prosperava. Eles formaram a Liga das Dez Cidades, sob juramento solene de destruir Tanaren. Kral, descendente de Tanartis, liderou os exércitos da cidade, vencendo a Liga e impondo o acordo que ficou conhecido como a Paz do Grande Kral. Tanaren foi generosa nas condições de rendição, impondo suaves tributos às Dez Cidades e submetendo-as a uma autoridade justa e benigna.

O Conselho dos Magistrados elegeu Kral como o primeiro imperador e Máximo General dos exércitos, responsável pela proteção do império. Essa honra vem passando de geração em geração em sua família. O governo passou a ser exercido diretamente pelo imperador, e o Conselho dos Magistrados se reunia a cada dez anos. Kral I viveu uma longa vida, muito amado e respeitado por todos os seus súditos e recebeu vários epítetos: Grande, Pacificador, Justo.

Só uma vez sua autoridade foi desafiada, por Grinda, o Feroz, um homem de coração sombrio e mente perturbada, que foi seguido por alguns tolos. Kral, o Justo esmagou a revolta, magnanimamente perdoando a todos, menos Grinda, decapitado por perturbar a paz. Sua cabeça ficou exposta diante da Casa dos Magistrados até apodrecer completamente. O povo e os magistrados agradeceram ao Grande Kral, pois mais uma vez os salvara do perigo.

Grande tristeza abateu o império quando Kral I faleceu. Seu filho Eliuz o sucedeu como imperador. Eliuz construiu um magnífico túmulo para seu pai, dando início ao Mausoléu Imperial. Mas Eliuz I teve curta vida, e morreu de uma doença cruel, e alguns diziam que fôra envenenado, e outros contavam que fôra enfeitiçado. Seu filho foi Falanpir I, o Compassivo.

E esse imperador era tão bondoso que seu coração se enchia de compaixão pelos povos que viviam na desordem e na ignorância das leis, e com profunda caridade resolveu trazer esses povos ao império. E fez uma guerra rápida e misericordiosa, conquistando províncias a sul e a oeste, até o mar, e adotou esses povos como um pai amoroso. Mas seu coração ainda estava triste, pelos povos do norte, mergulhados nas trevas da barbárie. Mas a gente do norte era selvagem, cruel e rebelde, tornando a guerra demorada e sangrenta. E na terrível batalha de Tolcarest Falanpir I morreu, atingido por uma flecha traiçoeira. O imperador não deixava filhos, então foi sucedido por seu irmão, Kral II, que levou a guerra adiante até a vitória.

Houve então um longo período de paz, durante os reinados de Eliuz II, Eliuz III, Arduan I, Kral III, Eliuz IV, Tanartis I, Tanartis II, Arduan II e Eliuz V. Durante toda essa época houve muita prosperidade, e a agricultura, o artesanato e o comércio floresceram. Os portos do oeste viviam cheios de navios e traziam grandes riquezas ao império.

Mas a paz acabou durante o reinado de Eriman I, pois seu irmão era Galgadur, o Perverso, que desejava tomar o poder. Galgadur tinha muitos seguidores na nobreza, e assim começou a Guerra Civil, que durou dezessete anos. Eriman I morreu na batalha de Dirnaltis, mas seu filho Arduan III continuou a guerra nos seus anos seguintes, até capturar seu tio Galgadur. O imperador foi clemente, ordenando que o perverso Galgadur fosse poupado, e assim o príncipe traidor foi trancado numa masmorra até a morte, passando vinte e seis anos sem ver a luz do sol. Mas os últimos seguidores de Galgadur, conspirando nas sombras, tramaram e executaram o assassinato do bom Arduan III, que foi esfaqueado saindo da Casa dos Magistrados. Mas foi um inútil ato de vingança, pois eles eram poucos e logo foram aprisionados e mortos.

Arduan IV assumiu o trono, terminando a pacificação que seu pai iniciara. E para acalmar definitivamente as inquietações da nobreza, organizou uma grande campanha militar a sul e a leste, conquistando todos os territórios até a Cordilheira de Amalroda. E todos os nobres receberam muitas terras e ficaram muito satisfeitos, garantindo a paz por muitas gerações.

E houve felicidade e prosperidade nos reinados de Arduan V, Eliuz VI, Taneron I, Eliuz VII, Falanpir II, Kral IV, Otorin I e Taneron II. E Otorin II, tendo sonhado, se converteu à religião do Sábio Mestre, e proibiu o culto aos antigos deuses, mas muitos se recusavam a abandonar a antiga religião, forçando o piedoso imperador a persegui-los e a queimar muitas pessoas nas fogueiras. Parecia que a verdadeira fé tinha vencido, mas no reinado de Otorin III um sacerdote enlouquecido insuflou uma violenta revolta na província Noroeste. Tomado de santa fúria, o imperador organizou uma grande expedição contra a província rebelde. A fina flor da nobreza participava dessa campanha, de alma elevada e coração fervoroso. Abençoados pelo Grande Espírito, os exércitos do imperador triunfaram. Muitos recusaram a verdadeira fé, e foram passados a fio de espada, mas a paz, a ordem, a lei e a religião prevaleceram. O culto ao Grande Espírito triunfou e prosperou aumentando a felicidade do império e a honra dos imperadores. E reinaram cheios de júbilo e bênçãos Taneron III, Eliuz VIII, Falanpir III, Falanpir IV, Eriman II, Taneron IV e Eliuz IX.

Sob Eriman III chegou a Peste, que matou mais da metade dos súditos do império, deixando um rastro de fome e miséria. Em todo lugar surgiam heresias e falsos profetas; em cada província rebentavam rebeliões de nobres e plebeus. E os imperadores Falanpir V, Otorin IV, Arduan VI e Arduan VII governaram com grandes dificuldades; foi nessa época que a província Nordeste se separou do império, formando as Cinco Repúblicas.

Eliuz IX, o Justiceiro fez grandes esforços, acabando com as rebeliões e heresias nos territórios centrais. Ele criou o Sagrado Tribunal, para combater os hereges e bruxos, e conservar a pureza da fé, pois foi uma época cheia de bruxarias, e nesse tempo ocorreu a Guerra Noturna. Seu filho Eliuz X e seu neto Otorin V restabeleceram a paz e a ordem no resto do império, mas nenhum deles conseguiu reconquistar a província Nordeste. Sob Otorin VI e Arduan VIII houve grande recuperação da prosperidade e o povo voltou a crescer, restaurando a antiga glória do império.

Durante a época de Arduan VIII os nogarin descobriram as terras do Novo Mundo. E assim Kral V decidiu tomar parte nessa empreitada, e muitos homens partiram a seu serviço, especialmente o glorioso capitão Corzad, que derrotou a Confederação de Tolán, conquistando um novo império do outro lado do Oceano. E, com as graças do Grande Espírito, o destino de Falanpir VII, nosso glorioso imperador, é realizar feitos e proezas dignos de seus ancestrais, elevando ainda mais a fama do Império Tanar.

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