segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A Voz do Buraco

Eu Sou o Buraco,
A treva iluminada,
O som silencioso,
O olho e a luz,
A porta e a batida,
O galho e a raiz,
A neve e o gato,
Ordem e caos:
Estou em ti,
Tu em mim,
Eu Sou o Buraco

Portas

Todas as portas se abriram,
Ninguém mais bateu

O pescador sem rede

E o pescador,
Vendo sua tolice,
Largou a rede,
E pescou a vida

O melhor cego

Abri os olhos,
Não vi a luz:
Estou cego,
Eu sei

Encontros

O escudo foi cortado,
A espada se rompeu;
A água viva
Apagou o fogo

A chave de fenda

E o martelo,
Ao despertar,
Viu os parafusos
E se transformou em chave de fenda

Descida

O tolo desceu a montanha,
E chegou ao topo;
Buscou as raízes,
Entendeu os galhos;
Procurou o tolo,
Encontrou o sábio

No Buraco

O tolo caiu no buraco
Se perdeu, se achou
Saiu do Buraco
E agora era sábio

O tolo e o sábio

Entre o tolo e o sábio,
Conversa não houve:
Um não podia falar,
Outro não queria ouvir

O sábio

Era grande sábio,
Maior que todos:
Ouvia luzes
Via sons,
Com olhos surdos
E ouvidos cegos

O pior cego

Não, não há!
Não há luz!
Sei disso,
Fechei os olhos!

A árvore

De árvore tão grande,
Ninguém sabia:
Os galhos pareciam raízes?
As raízes pareciam galhos?

O martelo

E o pobre martelo,
Tão desesperado,
Transformou em pregos
Todos os parafusos

Portas

Um bateu à porta,
Mas ninguém abriu;
Outro abriu a porta,
Mas ninguém bateu:
As portas estavam trocadas

Desencontros

O escudo que nada rompe,
Encontrou espada que tudo corta;
O fogo sombrio
Queimava a água ardente

O pescador e a rede

Era rede tão grande,
Que pescava universos;
A malha tão larga,
Que todo universo escapava

O olho

O olho que tudo vê,
Tudo via,
Menos a si mesmo:
O olho tudo vê?

Consciências

O morto parecia dormir,
O sonâmbulo parecia vivo,
O vivo parecia morto,
O desperto fechava os olhos

O fim

Na chuva seca
Caía terra molhada,
Deixando rastro de fogo
Na luz sombria

Com silencioso estrépito
A matéria beijava a antimatéria,
No calmo abraço nervoso
Da entropia criadora

Parecia o fim,
Mas era apenas começo

O gato e a neve

Era gato preto
Na neve branca,
Ou neve preta,
Num gato branco?

A sinfonia


Os que pensavam ouvir,
Pareciam surdos;
Os que eram surdos,
Pareciam ouvir

Duas velas

Uma vela
Luzia sem queimar;
A outra,
Queimava sem luzir

A montanha

Essa montanha
Era tão estranha:
Os que pensavam subir,
Embaixo ficavam;
Os que buscavam descer,
Ficavam acima -
Porque era estranha,
Essa montanha

domingo, 13 de dezembro de 2015

O Buraco

Havia a antiga lenda,
Mais esquecida que lembrada,
Do velho Buraco

Mais velho que o tempo,
Mais fundo que o mundo,
Mais sombrio que a treva,
Mais frio que o inverno,
Mais vazio que o silêncio,
Mais sozinho que a morte,
Mais estrelado que a noite,
Mais luminoso que o dia

Quem cai no Buraco,
Nada encontra,
Exceto a si mesmo

O tolo

Via sem olhar,
Ouvia sem escutar,
Refletia sem pensar,
Falava sem dizer

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Linchamentos

Lincha! Lincha! Lincha!
Vamos acabar com todos!
Todos, todos eles!
Não pode sobrar nenhum!
Lincha! Lincha! Lincha!

domingo, 29 de novembro de 2015

Pensamentos

Quando a gente cresce, o mundo cresce com a gente. Quanto mais a gente conhece, mais o mundo cresce, mas a gente não cresce tanto quanto ele, então quanto mais a gente conhece, menor a gente se sente. Enquanto a gente ainda se sente grande, conhece menos do que pensa...

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Ouro e ferro

Vil alquimia!
Ouro e ferro,
Ferro e ouro

Ouro para ter ferro,
Ferro para ouro ter

Ouro para reis,
Joias ou moedas,
Fomes e desejos

Ferro para soldados,
Espadas ou grilhões,
Mortes e despejos

Ouro para ricos,
Ferro contra pobres

Ouro por ferro,
Ferro por ouro,
Vil alquimia!

O símio

Pula,
Dança,
Faz careta,
Gira,
Grita,
Faz careta,
Lança,
Balança,
Faz careta

Os lanceiros

Lança em riste,
Fileiras cerradas,
Avançam, avançam!
Muralha viva,
Cerca farpada,
Avançam, avançam!
Passo firme,
Mão segura,
Avançam, avançam!
Sem parar,
Nem hesitar,
Avançam, avançam...

quinta-feira, 30 de julho de 2015

O deus da dúvida

Ouvi falar de um povo que adorava o deus da dúvida. Eles não o chamavam por nenhum nome; alguns, às vezes, sugeriam denominá-lo de alguma maneira, mas todos ficavam em dúvida e acabavam não usando nome algum. Também não o adoravam em nenhum templo ou santuário, pois tinham dúvidas de onde instalá-lo.

Só existe uma maneira de adorar o deus da dúvida: duvidando de sua existência. Todos tinham dúvidas de qual seria a melhor liturgia para cultuá-lo, então não havia culto. A fé no deus da dúvida é considerada a pior heresia por seus seguidores. Certa vez, um homem declarou publicamente sua fé inabalável no deus da dúvida; os demais fiéis o prenderam, mas acabaram resolvendo libertá-lo, pois tinham dúvidas do que fazer com ele. De vez em quando apareciam profetas desse deus, mas todos duvidavam deles. Reza a lenda que o maior de todos os profetas foi tão duvidado que desapareceu.  Existem muitos ensinamentos atribuídos a esse profeta, mas todos duvidam de sua real autoria.

Tratava-se de uma religião teimosamente monoteísta. Algumas vezes tentaram introduzir no país divindades estrangeiras, mas todos duvidavam delas, e assim nunca houve oportunidade para a formação de um panteão local. Na verdade, eles têm muita dificuldade de acreditar em qualquer coisa. É bem verdade que não aceitam nenhuma mentira, mas também rejeitam todas as verdades. Quando alguém realmente acredita em algo, jamais admite em público, por receio da vergonha.
 
A maior ofensa entre eles é chamar alguém de "crédulo" ou "crente". Não há pior mancha para uma reputação. Certa vez contaram a um homem que seu vizinho o ofendera, dizendo que ele acreditava em qualquer coisa, mas ele duvidou desse boato, e acabou nada fazendo. De qualquer forma, todos duvidam de todos os boatos, e assim, todas as reputações vivem envoltas pelas névoas da dúvida. Assim acaba a maioria dos assuntos entre eles.

As famílias não são muito unidas, pois os homens geralmente são indiferentes a seus filhos, duvidando de que sejam realmente seus pais. Como os filhos duvidam de sua paternidade, geralmente não se apegam aos pais. As mulheres duvidam que seus filhos serão boas pessoas, e assim não se empenham muito em sua educação. Homens e mulheres geralmente duvidam de que seus casamentos possam persistir, e assim os matrimônios geralmente duram poucos anos.

Esse povo não apresenta muitas realizações, pois mal uma pessoa iniciava uma obra se via assaltada por dúvidas em sua execução, e logo deixava o trabalho de lado. É por isso que nesse país não se encontram livros, canções, esculturas ou mesmo habitações. De fato, todas as formas de técnicas e artes são pouco desenvolvidas, pois eles duvidam de suas próprias capacidades de aprender qualquer ofício.

Eles levam uma vida muito simples, e quase não há comércio, pois todos duvidam da qualidade dos produtos. Também não existe dinheiro, pois todos duvidariam da autenticidade das moedas. Ninguém empresta nada aos amigos ou vizinhos, pois duvidam que será devolvido.

É uma cultura fechada em si mesma, pois eles não viajam, duvidando das condições que encontraram pelo caminho. Presa de tantas dúvidas, essa sociedade quase não mudou ao longo do tempo; ninguém almeja um futuro melhor, pois o futuro é duvidoso. Como também vivem em dúvida sobre o que aconteceu no passado, não se apegam às tradições. E assim, duvidando do passado e do futuro, vivem num eterno presente.

Um velho viajante me contou tudo isso, mas eu duvido que seja verdade...

domingo, 29 de março de 2015

Palavras e lágrimas

A poesia é dor,
Sangue, suor e lágrimas
Pinga-pinga-pingando

A dor é poesia,
Palavras, versos, estrofes,
Rima-rima-rimando

O sonho de Otorin II

Dizem as crônicas que tudo corria bem e Otorin II regia o império com sabedoria. Mas, em certa noite de primavera, o imperador teve um sonho, onde via as terras do império consumidas por grande desolação: colheitas perdidas, aldeias abandonadas, casas em ruínas. A cidade de Tanaren ardia em chamas.

No sonho, Otorin II sentou e chorou, e então desceu dos céus um espírito luminoso e disse que o império estava perdido porque adorava deuses falsos, mas se o imperador aceitasse a religião do Grande Espírito e os ensinamentos do Bom Mestre, a prosperidade e a paz continuariam a reinar em Tanar, e o Grande Espírito faria do império seu instrumento, para que atingisse domínio universal sobre os homens.

Ao acordar, o imperador estava tão impressionado com os sinais mostrados no sonho que se ajoelhou no chão e suplicou ao Grande Espírito que o abençoasse, e assim trouxe todo o império à verdadeira fé.

sexta-feira, 27 de março de 2015

A casa de Bérion, o Navegador

Ninguém sabe ao certo de onde vieram Bérion e seu povo. Mas há muito tempo atrás eles chegaram às praias de Nogar, em grandes navios negros. Nessa época viviam aqui apenas humildes e rústicos caçadores e pescadores. Eles nunca tinham visto gente tão bela quanto o povo de Bérion, e ficaram muito impressionados com suas lindas roupas e brilhantes jóias. Logo que viram Bérion, reconheceram sua majestade, que transparecia no olhar, e o aceitaram como seu rei. E assim nasceu o reino de Nogar, e Bérion deu aos nogarinos sábias leis que garantiram a paz no reino.

O filho de Bérion, o Navegador, era Filbarad, o Construtor. E ele ensinou aos nogarinos como construir casas fortes e confortáveis, pois até então eles viviam em humildes cabanas de palha, expostos aos ventos, às chuvas e ao frio.

O filho de Filbarad, o Construtor, era Anfor, o Sábio. E ele ensinou aos nogarinos como escrever, e registrar os fatos, ideias e leis, para que fossem lembrados por muito tempo, pois até então eles viviam sob a sombra do esquecimento.

O filho de Anfor, o Sábio, era Berata, o Forte. E ele ensinou aos nogarinos como fabricar armas e lutar, pois até então eles viviam indefesos perante seus ferozes inimigos do norte, do leste e do oeste.

O filho de Berata, o Forte, era Fulbarad, o Exilado. E ele entregou o trono, o cetro e a coroa a Revant, que se tornou o primeiro rei nativo de Nogar, pois Fulbarad e seu povo sentiam saudades da terra de seus ancestrais. E assim eles subiram em seus navios negros, e tomaram o rumo do oceano, e nunca mais se ouviu falar na casa de Bérion.

Mas Fulbarad prometeu que seu povo retornará um dia, para trazer novos ensinamentos aos nogarinos, e nesse dia a luz de Nogar resplandecerá diante e acima de todas as terras.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Orageuse

Je suis le fer de lance,
Un cri dans le vent,
Une tempête qui dance,
Le feu flamboyant

Crônicas do Império Tanar

A cidade de Tanaren é a capital do Império Tanar, fundada por Tanartis, o Agricultor, que fugia do frio norte. A cidade prosperou, recebendo muitos imigrantes. Cada bairro tinha seu magistrado, e juntos formavam o Conselho dos Magistrados, que se reunia a cada semana na praça principal e, mais tarde, na Casa dos Magistrados.

Mas Tanaren tinha inimigos, cada vez mais raivosos, conforme a cidade crescia e prosperava. Eles formaram a Liga das Dez Cidades, sob juramento solene de destruir Tanaren. Kral, descendente de Tanartis, liderou os exércitos da cidade, vencendo a Liga e impondo o acordo que ficou conhecido como a Paz do Grande Kral. Tanaren foi generosa nas condições de rendição, impondo suaves tributos às Dez Cidades e submetendo-as a uma autoridade justa e benigna.

O Conselho dos Magistrados elegeu Kral como o primeiro imperador e Máximo General dos exércitos, responsável pela proteção do império. Essa honra vem passando de geração em geração em sua família. O governo passou a ser exercido diretamente pelo imperador, e o Conselho dos Magistrados se reunia a cada dez anos. Kral I viveu uma longa vida, muito amado e respeitado por todos os seus súditos e recebeu vários epítetos: Grande, Pacificador, Justo.

Só uma vez sua autoridade foi desafiada, por Grinda, o Feroz, um homem de coração sombrio e mente perturbada, que foi seguido por alguns tolos. Kral, o Justo esmagou a revolta, magnanimamente perdoando a todos, menos Grinda, decapitado por perturbar a paz. Sua cabeça ficou exposta diante da Casa dos Magistrados até apodrecer completamente. O povo e os magistrados agradeceram ao Grande Kral, pois mais uma vez os salvara do perigo.

Grande tristeza abateu o império quando Kral I faleceu. Seu filho Eliuz o sucedeu como imperador. Eliuz construiu um magnífico túmulo para seu pai, dando início ao Mausoléu Imperial. Mas Eliuz I teve curta vida, e morreu de uma doença cruel, e alguns diziam que fôra envenenado, e outros contavam que fôra enfeitiçado. Seu filho foi Falanpir I, o Compassivo.

E esse imperador era tão bondoso que seu coração se enchia de compaixão pelos povos que viviam na desordem e na ignorância das leis, e com profunda caridade resolveu trazer esses povos ao império. E fez uma guerra rápida e misericordiosa, conquistando províncias a sul e a oeste, até o mar, e adotou esses povos como um pai amoroso. Mas seu coração ainda estava triste, pelos povos do norte, mergulhados nas trevas da barbárie. Mas a gente do norte era selvagem, cruel e rebelde, tornando a guerra demorada e sangrenta. E na terrível batalha de Tolcarest Falanpir I morreu, atingido por uma flecha traiçoeira. O imperador não deixava filhos, então foi sucedido por seu irmão, Kral II, que levou a guerra adiante até a vitória.

Houve então um longo período de paz, durante os reinados de Eliuz II, Eliuz III, Arduan I, Kral III, Eliuz IV, Tanartis I, Tanartis II, Arduan II e Eliuz V. Durante toda essa época houve muita prosperidade, e a agricultura, o artesanato e o comércio floresceram. Os portos do oeste viviam cheios de navios e traziam grandes riquezas ao império.

Mas a paz acabou durante o reinado de Eriman I, pois seu irmão era Galgadur, o Perverso, que desejava tomar o poder. Galgadur tinha muitos seguidores na nobreza, e assim começou a Guerra Civil, que durou dezessete anos. Eriman I morreu na batalha de Dirnaltis, mas seu filho Arduan III continuou a guerra nos seus anos seguintes, até capturar seu tio Galgadur. O imperador foi clemente, ordenando que o perverso Galgadur fosse poupado, e assim o príncipe traidor foi trancado numa masmorra até a morte, passando vinte e seis anos sem ver a luz do sol. Mas os últimos seguidores de Galgadur, conspirando nas sombras, tramaram e executaram o assassinato do bom Arduan III, que foi esfaqueado saindo da Casa dos Magistrados. Mas foi um inútil ato de vingança, pois eles eram poucos e logo foram aprisionados e mortos.

Arduan IV assumiu o trono, terminando a pacificação que seu pai iniciara. E para acalmar definitivamente as inquietações da nobreza, organizou uma grande campanha militar a sul e a leste, conquistando todos os territórios até a Cordilheira de Amalroda. E todos os nobres receberam muitas terras e ficaram muito satisfeitos, garantindo a paz por muitas gerações.

E houve felicidade e prosperidade nos reinados de Arduan V, Eliuz VI, Taneron I, Eliuz VII, Falanpir II, Kral IV, Otorin I e Taneron II. E Otorin II, tendo sonhado, se converteu à religião do Sábio Mestre, e proibiu o culto aos antigos deuses, mas muitos se recusavam a abandonar a antiga religião, forçando o piedoso imperador a persegui-los e a queimar muitas pessoas nas fogueiras. Parecia que a verdadeira fé tinha vencido, mas no reinado de Otorin III um sacerdote enlouquecido insuflou uma violenta revolta na província Noroeste. Tomado de santa fúria, o imperador organizou uma grande expedição contra a província rebelde. A fina flor da nobreza participava dessa campanha, de alma elevada e coração fervoroso. Abençoados pelo Grande Espírito, os exércitos do imperador triunfaram. Muitos recusaram a verdadeira fé, e foram passados a fio de espada, mas a paz, a ordem, a lei e a religião prevaleceram. O culto ao Grande Espírito triunfou e prosperou aumentando a felicidade do império e a honra dos imperadores. E reinaram cheios de júbilo e bênçãos Taneron III, Eliuz VIII, Falanpir III, Falanpir IV, Eriman II, Taneron IV e Eliuz IX.

Sob Eriman III chegou a Peste, que matou mais da metade dos súditos do império, deixando um rastro de fome e miséria. Em todo lugar surgiam heresias e falsos profetas; em cada província rebentavam rebeliões de nobres e plebeus. E os imperadores Falanpir V, Otorin IV, Arduan VI e Arduan VII governaram com grandes dificuldades; foi nessa época que a província Nordeste se separou do império, formando as Cinco Repúblicas.

Eliuz IX, o Justiceiro fez grandes esforços, acabando com as rebeliões e heresias nos territórios centrais. Ele criou o Sagrado Tribunal, para combater os hereges e bruxos, e conservar a pureza da fé, pois foi uma época cheia de bruxarias, e nesse tempo ocorreu a Guerra Noturna. Seu filho Eliuz X e seu neto Otorin V restabeleceram a paz e a ordem no resto do império, mas nenhum deles conseguiu reconquistar a província Nordeste. Sob Otorin VI e Arduan VIII houve grande recuperação da prosperidade e o povo voltou a crescer, restaurando a antiga glória do império.

Durante a época de Arduan VIII os nogarin descobriram as terras do Novo Mundo. E assim Kral V decidiu tomar parte nessa empreitada, e muitos homens partiram a seu serviço, especialmente o glorioso capitão Corzad, que derrotou a Confederação de Tolán, conquistando um novo império do outro lado do Oceano. E, com as graças do Grande Espírito, o destino de Falanpir VII, nosso glorioso imperador, é realizar feitos e proezas dignos de seus ancestrais, elevando ainda mais a fama do Império Tanar.

quarta-feira, 18 de março de 2015

segunda-feira, 9 de março de 2015

Veillée d`armes

Demain,
Ils seront chevaliers;
Cette nuit,
Ils veillent,
Ils songent,
Ils prient,
Du soir au matin;

Ils seront chevaliers:
Demain

Assimétrica

Só escrevo
Poesia tétrica,
Sem rima,
Nem métrica;
Escrita estranha,
Meio sintética,
Esquisita, quebrada,
Quase antiestética -
Não sei versejar,
De forma simétrica...

Viva o rei!

Viva o rei!
(Ladrão coroado,
Tirano safado)
Viva o rei!
(Perverso legislador,
Parasita explorador)
Viva o rei!
(Bandido nobre,
Coração pobre)
Viva o rei!
(Soberano canalha,
Juiz da bandalha)
Viva o rei!
(Herdeiro bobalhão,
Monarca porcalhão)
Viva o rei!
(Príncipe fútil,
Palerma inútil)
Viva o rei!
(Déspota mandrião,
Sem ilustração)
Viva o rei!
Viva o rei!
Viva o rei!

Abismo

Vago, sutil, inquieto,
Algo treme,
No fundo do abismo:
Um frêmito,
Uma febre,
Uma fúria,
Um fulgor

Vivre

Viens, ma belle,
Dis-moi:
On y va?
On rit,
On rêve,
On pleure,
On aime
Il faut vivre la vie:
Vivons...

Proposta

Vamos, amigo,
Dê uma resposta,
A essa proposta,
Com verdade exposta

É preciso lutar,
É preciso combater,
É preciso arriscar,
É impreciso viver

Há que enfrentar,
Perigos sombrios,
Déspotas vadios,
Parasitas arredios

A vida, irmão,
Sem luta é vazia,
Estúpida, fria,
Tola vilania

Vamos, amigo,
Dê uma respostas,
A essa proposta,
Com verdade exposta

O elfo

O elfo, quem viu?
Na floresta fugiu?
Sorrateiro sumiu?
A porta se abriu?
O vigia dormiu?
O elfo, alguém viu?

Melodia brava

Melodia soava,
Ao vento voava,
Cantoria brava

Canção de guerra,
De peito que berra,
Sacudindo a terra

Canto guerreiro,
De espadachim e arqueiro,
Co'a flecha certeiro

Música sombria,
De sangue e agonia,
De pátria vazia

Canção demente,
Deixa ruína ardente,
E um eco silente

Rima

Minha rima
Não tem autoestima,
Por forma não prima,
E acaba de pé quebrado

Samurai

A lâmina,
Um raio,
Ao luar

segunda-feira, 2 de março de 2015

Bastardo

Corajoso,
Insolente,
Brigão

Generoso,
Valente,
Pobretão

Era um bastardo,
Vil de nascimento,
Nobre de coração

Selvagem por opção

Sou bárbaro,
Rústico,
Insano,
Selvagem por opção

Sou fúria,
Sou fera,
Sou besta,
Sou leão

Ao mundo,
À cidade,
À boa gente,
Grito: não!

Não!
Não!
Não!
Não!

Sou bárbaro,
Rústico,
Insano,
Selvagem por opção

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Malouine

À Saint-Malo,
On trouve un château,
Cité de braves,
Sur mer et sur terre

Pêcheurs et corsaires,
Sur sable et marées,
On trouve des bâteaux,
À Saint-Malo

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Bopuriro-O


Antro de feras,
Floresta de sombras,
Casa de sábios,
Floresta de luz

Queda de Gurandaga

Gurandaga demente,
Gurandaga tirano,
Gurandaga doente,
Gurandaga perdido,
Gurandaga cadente,
Gurandaga esquecido

Huaka

Olha, viajante!
Olha a huaka,
Sagrado mistério,
Sombra brilhante
De meus ancestrais!

Além das macabras

Túmulo fechado?
Porta aberta?
Saída?
Entrada?

Macabra Final

Esta Macabra
Encerra a dança
Que tudo encerra

Macabra VII

Os mortos enterraram
Os mortos que enterraram
Os mortos que enterraram
Os mortos que enterraram
...

Macabra VI

Nunca mais!
Grita o corvo
Nunca mais!

Macabra V

O tirano está vivo
Sem viver;
Já morreu,
Ainda não sabe

Macabra IV

As lágrimas dos justos
Regam as cinzas do Justo;
Secam ao Sol 
As cinzas do Injusto

Macabra III

Descanse em Paz,
Quem puder:
A Terra pesa mais,
Sobre quem mais pesou
Sobre a Terra

Macabra II

O pó que sou
Avisa ao pó que serás:
Somos todos iguais,
Eu que fui,
Tu que és,
Todos que foram, são e serão

Macabra I

Xerxes...
Está morto
Alexandre da Macedônia...
Está morto
Júlio César...
Está morto
Carlos Magno...
Morto
Carlos V...
Morto
Luís XIV...
Morto
Napoleão...
Morto
Pedro II...
Morto
Roosevelt...
Morto
Getúlio Vargas...
Morto
FHC...
Lula...
Eduardo Paes...
Sérgio Cabral...
Dilma Rousseff...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Condenação

Estarei lá
Meu olhar te julgará,
Minha fala te humilhará,
Minha presença te condenará
Não te escondas,
É impossível
Estarei lá

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O último homem

Pensativo,
Contempla estrelas
O último dos homens,
Reverso Adão

Sobre ruínas,
Silêncio reina;
Outrora, outrora
Se riu, chorou, cantou.

Viveram povos,
Caíram impérios,
Curta ou longa,
Cada um viveu sua vida.

Do longo espetáculo
Cai o pano.
Muito se sofreu,
Muito se amou.

À luz da lua
Sopra o vento;
Secos e nus
Tremem os galhos.

Houve plantio,
Houve colheita,
Heroísmo e vilania,
Liberdade e tirania.

À beira do caminho,
Sorri o derradeiro homem:
Esse mundo exausto,
Enfim descansará...