domingo, 28 de fevereiro de 2010

Inexorável

Ele caminhava sob mil Fúrias...

A tempestade se abateu com trovões retumbantes
Mas ele prosseguiu
Veio a nevasca inclemente, pesada como rochedos
Ele apenas continuou
Ventos cortantes sopravam, frios como a morte
Ele não parou
Tornados, furacões, ciclones destruidores
Ele não se abateu
O Sol causticante o queimava como chamas famintas
Ele resistiu

Ele caminhava sob mil Fúrias...

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Maravilhas modernas

Ontem vi um produto, no mínimo, inusitado: uma tesoura a pilha. O usuário precisa apenas segurar num cabo e apertar o botão, que as pontas começam a se mover e cortar sozinhas. Isso me fez refletir um pouco sobre a enorme quantidade de bugigangas que a nossa sociedade produz sob o rótulo de "inovação tecnológica". O homem contemporâneo exprime uma necessidade absurda de fazer toda e qualquer coisa com algum tipo de tecnologia "inovadora", mesmo que no fundo elas sejam muito menos práticas ou desnecessárias, uma complicação inútil do que poderia ser feito de modo muito mais simples pelos métodos tradicionais. Afinal de contas, não é tão cansativo ou trabalhoso manusear uma tesoura; além do mais, o aparelho só move as pontas, ou seja, o usuário de qualquer forma tem o trabalho de segurar o papel e a tesoura e ainda guiá-la para fazer o corte. Ou seja, a aparente inovação poupa apenas uma ínfima parte do trabalho.

Duas lembranças me vêm à mente nesse sentido. Certa vez vi numa loja um embaralhador elétrico de cartas, o que me causou muito estranhamento: a diversão seria, então, o domínio da eficiência, da produtividade? E o prazer de pegar as cartas, manuseá-las, embralhá-las, onde ficaria? Mesmo nas coisas mais pessoais essa sanha hi-tech teima em introduzir máquinas impessoais para realizar as tarefas mais simples. Outra das coisas mais absurdas que já vi era um pegador de azeitonas a vácuo (!). Não seria muito mais simples usar a tradicional colher que, além do mais, realiza inúmeras outras operações como pegar cerejas, champignons, e inúmeras outras coisas? Sem falar, é claro, que serve para pegar três ou quatro azeitonas de uma vez só, ao contrário do "revolucionário" pegador de azeitonas (a vácuo, não nos esqueçamos, já que tudo que faz algo "a vácuo" parece intrinsecamente inovador). De fato, parece-me que a colher sim é uma grande invenção, por sua praticidade e versatilidade, embora tenha mais de dois mil anos.

Esses exemplos são os mais absurdos, mas essa tendência está sempre por aí, nos aparelhos aparentemente mais úteis, como, por exemplo, espremedores de laranja ou picadores de legumes elétricos. Embora, de fato, realizem a tarefa muito mais rapidamente que uma faca ou um espremedor convencional, essas máquinas requerem posteriormente um processo de desmontagem e lavagem tão trabalhoso que acabam por ser menos práticos que os métodos comuns. Minha tia possuía inúmeros desses fantásticos produtos, que nunca usava pelo trabalho que a limpeza constituía. Isso sem falar que um picador elétrico ocupa um espaço muito maior que uma faca...

Chega a ser perturbadora essa ânsia por inovar e fazer as coisas sempre com complexidade maior, maior, maior... Bigger, better, greater... De fato, certas máquinas, como os citados espremedores de laranja ou picadores de legumes podem ser extremamente úteis em determinados contextos, como num restaurante ou numa lanchonete, onde são servidas centenas de saladas ou laranjadas por dia e o processo de limpeza realmente seja compensado pela quantidade de trabalho manual poupada. Mas para uso residencial? Leva-se mais tempo lavando o aparelho que consumindo a laranjada! E é exatamente aí que reside todo o absurdo da lógica da inovação a qualquer custo: somos levados a trazer uma estrutura industrial, de produção em massa, para nossa vida pessoal, particular, íntima, cotidiana. A sociedade estimula-nos insanamente a transformas nossos lares em miniaturas de fábricas e de sua insana produção em série, numa bizarra padronização da intimidade. Realmente perturbador.

Contudo, parece que isso não é algo tão recente. Vejamos esse trecho do conto Civilização, embrião do romance A cidade e as serras, do brilhante Eça de Queirós, que descreve os apetrechos de escrita do personagem Jacinto:

"Nunca recordo sem assombro a sua mesa, recoberta toda de sagazes e sutis instrumentos para cortar papel, numerar páginas, colar estampilhas, aguçar lápis, raspar emendas, imprimir datas, derreter lacre, cintar documentos, carimbar contas! Uns de níquel, outros de aço, rebrilhantes e frios, todos eram de um manejo laborioso e lento: alguns, com as molas rígidas, as pontas vivas, trilhavam e feriam: e nas largas folhas de papel Whatman em que ele escrevia, e que custavam 500 réis, eu por vezes surpreendi gotas de sangue do meu amigo. Mas a todos ele considerava indispensáveis para compor as suas cartas".

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Estelae

Negro é o veludo noturno
Mas surge uma estrela...
E outra
E outra
E outra, e outra, e outra...

Quanta magia nesse cintilar!
Veloz e incansável é a luz estelar
Silenciosa testemunha de distâncias infinitas
Quem sabe por onde andou?

Há séculos, séculos e séculos vezes mil
De seu lar saída,
Luz serena;
Quanta maravilha viste?

Colapsos apocalípticos,
Nascimentos planetários
Sóis jovens, maduros, moribundos
Cometas lépidos,
Meteoros tristes
Trogloditas e civilizações
Vida, morte, origens, extinções!

Ó, luz sagrada,
Que meus olhos extasia,
De onde vens?
Hoje mesmo, talvez,
Tua estrela mãe não mais seja!

Cruzeiro do Sul, 15/02/10, sob o céu de Aquário

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Aforismos tavarianos

Amor é poder.

Pequena galeria de estereótipos - Arqueólogos

Muito bem... Uma nova seção para o blog. Pretendo discutir um pouco sobre alguns estereótipos que frequentam o nosso imaginário e, na medida do possível, refletir a respeito. Vamos ver no que vai dar. Pra começar, nada melhor que falar de arqueólogos, tendo em vista que já fui um deles...

Acho que Indiana Jones encarna o estereótipo do arqueólogo por excelência. Ao se falar em Arqueologia, a primeira coisa que a maioria das pessoas pensa é aventura. Viagens constantes a lugares exóticos, relíquias de valor inestimável, ruínas imponentes, perigos e mais perigos... No imaginário coletivo, o arqueólogo vive entre dois mundos: a refinada atmosfera do museu ou da universidade e o mundo agreste em que mergulha em busca de vestígios do passado. Além disso, é sempre detentor de vastíssima erudição, profundo conhecedor de inúmeras culturas, dominando inúmeras línguas antigas e modernas, além de hábil leitor de escritas arcaicas.

A persistência desse estereótipo pode ser percebida por suas inúmeras encarnações na cultura de massa, desde o dito Indiana Jones à Lara Croft do game Tomb Raider, passando por inúmeros personagens dos quadrinhos, como o Dr. Mortimer, ou o Tio Patinhas (indubitavelmente um arqueólogo amador), além de outros mais obscuros, como o personagem de Brendan Fraser em A múmia(chatíssimo, por sinal) ou ao Alan Quaterman dos filmes de Richard Chamberlain, curiosamente transformado em arqueólogo, diferentemente do romance de H. Rider Hagard, onde o personagem era um caçador (aliás, brilhantemente traduzido para o português por Eça de Queirós). Não faltam também os super-heróis que são arqueólogos em sua identidade secreta, como Gavião Negro ou Thor.

Um aspecto a se destacar diz respeito aos objetivos do arqueólogo. Popularmente, as pessoas costumam acreditar que ele busca apenas objetos de "alto valor histórico" ou então ruínas monumentais. Recordo-me que na época em que comecei a escavar as pessoas não conseguiam esconder sua decepção ao saber que lidávamos "apenas" com vestígios deixados por indígenas, "reles" artefatos em pedra ou osso. De fato, uma pergunta muito comum era se no Brasil havia algo a ser "achado" por um arqueólogo, já que não tivemos nenhuma "grande civilização". Muitas vezes me perguntavam também se já tínhamos encontrado algum "objeto importante", ou que tivesse pertencido a "alguém importante". Esses comentários geralmente partiam das pessoas melhor informadas; outras geralmente perguntavam se já tinha "encontrado" algum fóssil... de dinossauro!

Obviamente não culpo a ninguém por pensar dessa forma, afinal de contas as informações sobre o tema na mídia costumam ser escassas (e pobres), e os produtos da indústria cultural costumam apenas reforçar essa imagem.

Mas essa visão sobre a Arqueologia não me parece de modo algum gratuita. Pelo contrário, creio que tenha muito a ver com os primórdios desse nobre saber. Com efeito, os primeiros arqúeólogos, no fim do século XVIII e início do XIX, eram pouco mais que caçadores de tesouros em sua maioria, com algumas honrosas exceções. Geralmente partiam em expedições na Grécia, Itália ou Oriente Médio em busca de artefatos que vendiam por altas somas aos colecionadores europeus ou americanos (nosso querido imperador D. Pedro II foi um grande colecionador de antiguidades, por exemplo). Os principais critérios que definiam o valor desses objetos eram sua beleza, a qualidade dos materiais em que eram confeccionados (metais ou pedras preciosas) ou a sua raridade. Em boa parte das vezes esses arqueólogos não tinham qualquer interesse pelo conhecimento, nem muitos escrúpulos metodológicos, fazendo dessa atividade seu mero ganha pão.

Bom exemplo desse gênero de arqueólogo era o italiano Gianbattista Benzoni, que diversas vezes percorreu o Nilo de alto a baixo, abastecendo de antiguidades egípcias as coleções públicas e particulares da Europa. Seu interesse era puramente financeiro e Benzoni não hesitava em buscar seus preciosos artefatos de forma predatória, por exemplo, dinamitando ruínas milenares!

Em boa medida, esse estereótipo perdura no imaginário coletivo até hoje, enquanto a prática da Arqueologia se afastou substancialmente desses primórdios. Como se sabe, o arqueólogo escava meticulosamente, registrando a localização onde cada artefato, fóssil etc é encontrado, levando semanas para avançar um mísero metro de profundidade. Além disso, a maior parte do trabalho de investigação não ocorre em campo, mas sim em laboratório, onde são cuidadosamente analisados os objetos retirados da escavação. Deve se acrescentar que o ofício não é tão móvel quanto as pessoas costumam pensar. Um sítio arqueólogico de superfície relativamente pequena leva meses para ser escavado. Alguns podem levar anos ou até décadas, como ocorre em Pompéia. Também interessante observar que nem todo arqueólogo é um erudito poliglota multi-especialista; geralmente o arqueólogo é especializado em uma área determinada ou em algumas culturas específicas. Além disso, a pesquisa arqueológica é hoje tão complexa que faz-se necessário utilizar equipes multidisciplinares, compostas por historiadores, antropólogos, biólogos, geógrafos, geólogos etc. Um arqueólogo sozinho, qualquer que seja sua área de formação, não consegue nem começar, ao contrário de suas contrapartes ficcionais, que quase sempre atuam individualmente.

Por outro lado, a Arqueologia busca principalmente refletir sobre a vida da comunidade que produziu aqueles vestígios no passado, e não simplesmente obter artefatos "valiosos". Nesse sentido, qualquer vestígio é valioso, na medida em que ajuda a compreender aspectos da cultura estudada, como hábitos alimentares, atividades produtivas, ritos funerários, entre inúmeras outras coisas.

Além disso, é interessante observar que o trabalho do arqueólogo se afasta significativamente do glamour a que é comumente associado. Em muitos momentos devemos realizar atividades bastante prosaicas e pesadas, como carregar baldes e mais baldes de terra, ou às vezes cumprir tarefas bastante enfadonhas, como pesquisar documentos nada empolgantes em arquivos. Isso sem falar na sujeira, muita sujeira! Afinal, como a palavra escavação já sinaliza, terra (e às vezes lama) é o que não falta...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A Fera

Num buraco escuro,
Dentes agudos,
Garras pontudas,
Olhar feroz!

Purulento,
Pestilento,
Fedorento,
Pustulento,
Mau, mau, mau!

Rasga,
Tritura,
Corta,
Esmaga,
Rói,
Destrói!

Cuidado!
À noite ele ataca,
Teu sangue bebe,
Tua carne come,
Tua vida rouba,
Mau, mau, Mal!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Tormes

Ao imortal Eça

Ah, Tormes! Tormes querida,
Serra amada!
Tão longe da civilização,
Tão perto da felicidade!


sábado, 13 de fevereiro de 2010

Chaves, um sábio turco da Idade Média e brinquedos

Esta semana tive a oportunidade de adquirir no McDonald`s um gracioso bonequinho do Chaves. Além de ser muito bonitinho, com uma expressão hiper-simpática e vir devidamente acompanhado por seu barrilzinho, a miniatura caminha de modo bastante engraçado, movida por uma corda. Passei algum tempo estudando esse movimento, e apreciando a engenhosidade do mecanismo.

De fato,o mecanismo em si é belo por sua simplicidade. Funciona de modo semelhante ao pedal de uma bicicleta, mas de modo invertido, ou seja, o movimento circular da mola impulsiona suas pernas, enquanto em uma bicicleta são as pernas que impulsionam o movimento circular da roda traseira, através do pedal.

Essas observações me levaram a curiosas reflexões. Comecei a pensar sobre esse gênero de mecanismo, classificado como um sistema de biela-manivela, amplamente usado em boa parte das máquinas elaboradas pelo ser humano. Basicamente, é um mecanismo que serve para transformar movimentos retilíneos em circulares e vice-versa. O pedal da bicicleta ou o boneco do Chaves são bons exemplos disso. Poderiam ser citados ainda os motores em geral, as bombas hidráulicas, a maior parte das máquinas industriais, entre muitos outros. Não me aprofundarei mais nessas explicações, pois me faltaria o conhecimento necessário para tanto.

Pensando nisso, lembrei-me de um documentário que assisti faz algum tempo, sobre um engenhoso artesão, matemático e astrônomo turco, chamado Al-Jazari, que viveu entre os séculos XII e XIII. Segundo documentos encontrados recentemente, aparentemente Jazari inventou o "nosso" mecanismo biela-manivela. Seu intento era o de criar máquinas capazes de transportar água de modo automático e eficiente, geralmente tirando-a de corpos naturais de água como rios, lagos, etc e passando-a para aquedutos. Essa era uma funcionalidade de suma importância para a região onde Jazari vivia, dada a aridez de boa parte do Oriente Médio. O sistema biela-manivela parece ter chegado ao Ocidente por volta do século XV, sendo registrado num manuscrito alemão da época, aplicado ao funcionamento de moinhos.

Contudo, é ainda mais interessante pensar que esse mecanismo não é exatamente uma invenção de Jazari, mas uma adaptação (ainda que extremamente engenhosa) de um mecanismo muito mais antigo, a manivela, já conhecida dos antigos romanos e largamente empregada por eles desde o século III a.C., e ainda em uso entre os contemporâneos do sábio turco. Todavia, a própria manivela não era uma invenção romana, pois artefatos arqueológicos recentemente encontrados apontam para o uso desse mecanismo pelos celtas da Península Ibérica já desde o século V a.C., empregado em moedores manuais para grãos. Seriam os celtíberos seus inventores? Impossível dizer.

Todas essas divagações me levaram a refletir sobre a historicidade das menores coisas, a ligar-nos qual fios invisíveis a centenas de gerações humanas, distantes no tempo e no espaço. Ora, pensemos em todo esse longo percurso saindo desde a elaboração da (aparentemente) primeira manivela pelos celtíberos, 2.500 anos atrás, espalhando-se por intermédio dos romanos, que passariam aos árabes seu uso, sendo apropriada, adaptada e modificada por Al-Jazari, desenvolvendo o sistema biela-manivela, que por sua vez chegaria três séculos mais tarde à Europa, onde seria empregada de inúmeras formas através dos últimos quinhentos anos, utilizada hoje para fins que não passariam pela cabeça dos celtíberos, dos romanos, dos árabes, de Al-Jazari ou dos moleiros europeus... por exemplo, fazer uma miniatura do Chaves caminhar graciosamente pela mesa de minha sala numa madrugada de sexta-feira!

No fim, os homens de todos os tempos e lugares estão ligados até pelas mais ínfimas coisas.

Prometeu

Acorrentado jaz Prometeu,
No alto monte, solitário
Punido pelos deuses,
Esquecido pelos homens

O fogo sagrado trouxe aos mortais,
A luz do mundo para as trevas da ignorância,
E o universo não foi mais o mesmo

Cidades, artes, ciências brotaram
O pensamento a voar liberto
Mas Prometeu jaz acorrentado!

Humanidade ingrata!
Deuses injustos!
Prometeu jaz solitário...

O titã está sobre o Cáucaso,
Muito alto para os pobres mortais,
Beneficiados por seu sacrifício
Quem compreenderia o magnífico monte de Prometeu?

Por único companheiro,
O carrasco inclemente,
Cruel abutre,
A chafurdar na divina carne

Acorrentado, humilhado, torturado, sozinho!
Prometeu sorri
Do monte, contempla o Céu...

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Mutts

Engraçadas, bem-humoradas, inteligentes, sensíveis, encantadoras. Assim são as tirinhas de Mutts, do cartunista Patrick McDonnell. Eu e Priscila o descobrimos por acaso, na estante de quadrinhos da Saraiva. Amor à primeira vista. Segue abaixo uma amostra:











Desculpem algumas que ficaram meio tortinhas... Bem, a essa altura, espero que você já esteja interessado em ler Mutts (se não estiver, isso só pode significar que é uma pessoa sem coração!). Em português há uma coletânea publicada pela Devir, baratinha (R$ 23,00 na Saraiva; R$18,50 na FNAC). Além disso, o site oficial disponibiliza diariamente as tirinhas (em inglês). Eu assinei (gratuitamente) e recebo todo dia no meu e-mail. Visitem: www.muttscomics.com

Aforismos tavarianos

Algumas palavras valem por mil imagens.

Clã

Meu clã é minha vida
Nada seria sem ele
Nada sou fora dele

Meu abrigo
Meu escudo
Meu alimento
Minha espada

Meu clã

Aforismos tavarianos

Palavras vazias, coração vazio.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Definindo "aforismo"...

aforismo, s.m. (gr. aphorismos). Máxima ou sentença, que em poucas palavras contém uma regra ou um princípio de grande alcance.

[adaptado do Dicionário brasileiro da língua portuguesa]

OU

AFORISMO. s.m..(do latim vulgar aphorismus, grego aphorismos, "definição"). Fórmula ou prescrição resumindo um ponto de ciência, de moral.

[adaptado do Petit Robert]


Escolha a definição que mais lhe agradar... Devo confessar que a segunda me agrada mais, por parecer menos pretensiosa.

Aforismos tavarianos

A inconformação move o mundo.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Consumerismo

Estive lendo recentemente sobre o conceito de "consumerismo", mais uma novidade pós-moderna. Não à toa, conheci a ideia através de um artigo escrito por uma publicitária, cujo nome tenho a sorte de não lembrar. Mas afinal, que vem a ser consumerismo?

Segundo a autora, é o modo de atuação social característico do homem pós-moderno. Enquanto o homem da modernidade seria movido pelas "utopias revolucionárias",o indivíduo da pós-modernidade age de um modo mais cool, praticando o consumo consciente, a saber, comprando apenas produtos que não agridam ao meio-ambiente, produzidos por empresas com responsabilidade social etc. Ou seja, alguém que age de modo consumerista, não consumista...

Me espanta primeiramente a passividade desse paradigma de indivíduo. No fim das contas, que tipo de mudança social pode-se visar através do dito consumerismo? Que as corporações ajam do modo que lhes convenha, restando-nos meramente a opção de exercer alguma pressão sobre elas através das nossas compras. O homem deixa de ser cidadão para tornar-se mero consumidor. Pior ainda, a capacidade de decisão do indivíduo passa a ser medida segundo seu poder aquisitivo.

Mas o comodismo dessa proposta incomoda-me mais que sua passividade. Afinal, as "utopias revolucionárias" da modernidade exigiam demais do indivíduo, não? O sujeito já tem tanta coisa para fazer e ainda precisa se cansar atuando politicamente de alguma forma? A alternativa pós-moderna é muito mais interessante: o cidadão pode fazer política no super-mercado ou no shopping-center...

Aforismos tavarianos

É fácil confundir coragem e fraqueza.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Oração da felicidade de massas

Agradeço a ti, ó Pai,
Pois odeio meu emprego,
Não suporto minha família,
Não me sinto realizado,
Mas tenho DUAS TVs de plasma!

Aforismos tavarianos

Não são necessárias leis onde há virtudes.

[levemente inspirado no humanismo cívico da Renascença]

A tradição dos "Aforismos tavarianos"

A tradição dos célebres "Aforismos tavarianos", tão cantados em verso e prosa, surgiu há muuuuuito pouco tempo (parafraseando nosso querido King Size). Em Choses vues, um de meus antigos blogs, nos idos de 2004, ocasionalmente fazia alguns posts com pequenos pensamentos, sob a forma de aforismos (para uma definição completa de aforismo, procurem algum bom livro sobre Paremiologia, a ciência que estuda aforismos, ditados, provérbios e afins. Sim, isso existe!).

Um belo dia, meu querido amigo Alexandre Ramos, num comentário no extinto blog, os qualificou como "Aforismos tavarianos". Pronto, surgiu o nome! À época não passei imediatamente a chamá-los dessa forma, mas rendendo homenagem ao antigo blog e ao amigo Alexandre, passo a empregá-lo como uma categoria de post.

E enquanto este Tavares continuar existindo, a tradição dos "Aforismos tavarianos" manter-se-á sempre viva!

The end

Aforismos tavarianos

Deus não olha os campos antes de plantar suas flores.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sociedade do Conhecimento

Estranha sociedade!
Tanta pressa para andar em círculos,
Qual cão a correr atrás da cauda,
Em velocidade infinita,
Via satélite