Corsário sou,
Em nome do rei!
Quero glória,
Aventura e butim!
Sobre iradas águas navego,
Sob estrelas do Equador;
Exceto frio e tédio,
Nada temo!
Já vi muitos mares,
Batalhas também,
Tremem português, espanhol,
Ouvindo meu nome!
Tudo me serve:
Dos Andes, prata,
Açúcar do Brasil;
Mas, de Cuba,
Rum não me falte!
Quero glória,
Aventura e butim!
Corsário sou,
Em nome do rei!
segunda-feira, 18 de abril de 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Guerra tupinambá
“Ah, meu irmão!
Estás morto!
Capturado, comido,
Devorado pelo inimigo!
Assaram tua carne,
Ferveram as tripas!
Ah, meu irmão!
Chora nosso pai,
Chora nossa mãe,
Chora tua esposa,
Choram teus filhos,
Choro eu,
Chora todo povo!
Ah, meu irmão!
Está morta tua carne!
Tu, que tantos inimigos mataste!
Tu, que tantos cativos fizeste!
Tantas vezes, graças a ti,
Nosso ventre se refestelou nas carnes do inimigo!
Mas, ah, irmão!
Vingada será tua morte!
Iremos guerrear,
Matar, apresar e comer!
Pesada borduna,
Sobre teus assassinos,
Irá se abater!
Descansa, descansa, irmão!
Os inimigos hão de pagar,
Comeremos a carne de teus assassinos!”
***
Encontro terrível,
Na praia ocorre,
De lado e doutro,
Voam flechas,
Sobem gritos
Corpos se encontram,
Choque terrível,
Bordunas ferem,
Tacapes se abatem
Tudo é arma,
Dente e unha até
Rubra fica a areia,
As ondas, rosadas
A batalha é curta e mortal
Perdedores correm,
Vencedores gritam
Com cicatrizes de glória,
Retornam os matadores;
Feliz, um rapaz,
Arrasta cativo
***
“Olhem lá, amigas,
Olhem lá, irmãs!
Retornam nossos amantes,
Retornam nossos maridos!
Trazem carne,
Para o moquém!
Ah, que carnudo guerreiro trazem!
Bravo, bravo, nosso rapaz,
Seu primeiro cativo traz!
Dentro de poucas luas,
Banquete teremos,
Tripas na panela,
Carne na grelha!
Beberemos muito cauim,
Dançaremos na noite sem fim!”
***
Dorme na rede o cativo,
Sente o frescor da noite,
Sonha...
Sua vida é boa:
Lhe deram mulher
Tem comida
Caça com os captores
Será um deles até sua morte,
Será um deles depois da morte...
Será devorado, comido,
Tornar-se-á parte deles:
Sua coragem estará em seus corações,
Seu vigor correrá em suas veias,
Sua astúcia brilhará em seus olhos,
Sua vida continua na carne dos inimigos...
***
Toda a aldeia canta em êxtase,
Glória, poder e apetite!
Aguardam o cativo,
Aguardam a presa,
Aguardam a refeição...
Sai da tenda a vítima;
Vem magnífico:
Emplumado, pintado,
Glorioso, emana poder;
Cenho franzido e altaneiro,
Olhos de ódio faiscantes!
A multidão grita entusiasmada
Um bravo será abatido,
A presa é digna da honra
***
“Ha, ha, ha!
Rio, rio!
Comeis agora teus parentes,
Pois muitos deles já devorei!
Teu tio está em meus ossos,
Teu avô em minhas veias,
Teu pai em meu coração!
Minha carne é carne dos teus que se foram,
Carne dos teus que matei!
Ha, ha, ha!
Comei, bebei, hoje;
Amanhã, me vingam os meus!
Meu irmão te prenderá,
Os meus comerão tua carne,
Assarás em nosso moquém!
Ha, ha, ha!
***
Crepita a fogueira
Sobre o moquém assam carnes,
Do inimigo espostejado;
Na panela de argila,
Fervilham suas vísceras...
A tribo bebe
A tribo come,
Come, come,
Comemora
O matador é herói:
Pode casar,
Gerar filhos,
Frutificar...
A guerra acabou em banquete sangrento...
Longe, longe, muito longe,
Bradam os parentes da vítima,
Se prepara a ingança...
***
“Ah, meu irmão!
Estás morto!
Capturado, comido,
Devorado pelo inimigo!
Assaram tua carne,
Ferveram as tripas!
Ah, meu irmão!
Chora nosso pai,
Chora nossa mãe,
Chora tua esposa,
Choram teus filhos,
Choro eu,
Chora nosso povo!
Ah, meu irmão,
Está morta tua carne!
Tu, que tantos inimigos mataste!
Tu, que tantos cativos fizeste!
Tantas vezes, graças a ti,
Nosso ventre se refestelou nas carnes do inimigo!
Mas, ah, irmão!
Vingada será tua morte!
Iremos guerrear,
Matar, apresar e comer!
Pesada borduna,
Sobre teus assassinos,
Irá se abater!
Descansa, descansa, irmão!
Os inimigos hão de pagar,
Comeremos a carne de teus assassinos!”
Estás morto!
Capturado, comido,
Devorado pelo inimigo!
Assaram tua carne,
Ferveram as tripas!
Ah, meu irmão!
Chora nosso pai,
Chora nossa mãe,
Chora tua esposa,
Choram teus filhos,
Choro eu,
Chora todo povo!
Ah, meu irmão!
Está morta tua carne!
Tu, que tantos inimigos mataste!
Tu, que tantos cativos fizeste!
Tantas vezes, graças a ti,
Nosso ventre se refestelou nas carnes do inimigo!
Mas, ah, irmão!
Vingada será tua morte!
Iremos guerrear,
Matar, apresar e comer!
Pesada borduna,
Sobre teus assassinos,
Irá se abater!
Descansa, descansa, irmão!
Os inimigos hão de pagar,
Comeremos a carne de teus assassinos!”
***
Encontro terrível,
Na praia ocorre,
De lado e doutro,
Voam flechas,
Sobem gritos
Corpos se encontram,
Choque terrível,
Bordunas ferem,
Tacapes se abatem
Tudo é arma,
Dente e unha até
Rubra fica a areia,
As ondas, rosadas
A batalha é curta e mortal
Perdedores correm,
Vencedores gritam
Com cicatrizes de glória,
Retornam os matadores;
Feliz, um rapaz,
Arrasta cativo
***
“Olhem lá, amigas,
Olhem lá, irmãs!
Retornam nossos amantes,
Retornam nossos maridos!
Trazem carne,
Para o moquém!
Ah, que carnudo guerreiro trazem!
Bravo, bravo, nosso rapaz,
Seu primeiro cativo traz!
Dentro de poucas luas,
Banquete teremos,
Tripas na panela,
Carne na grelha!
Beberemos muito cauim,
Dançaremos na noite sem fim!”
***
Dorme na rede o cativo,
Sente o frescor da noite,
Sonha...
Sua vida é boa:
Lhe deram mulher
Tem comida
Caça com os captores
Será um deles até sua morte,
Será um deles depois da morte...
Será devorado, comido,
Tornar-se-á parte deles:
Sua coragem estará em seus corações,
Seu vigor correrá em suas veias,
Sua astúcia brilhará em seus olhos,
Sua vida continua na carne dos inimigos...
***
Toda a aldeia canta em êxtase,
Glória, poder e apetite!
Aguardam o cativo,
Aguardam a presa,
Aguardam a refeição...
Sai da tenda a vítima;
Vem magnífico:
Emplumado, pintado,
Glorioso, emana poder;
Cenho franzido e altaneiro,
Olhos de ódio faiscantes!
A multidão grita entusiasmada
Um bravo será abatido,
A presa é digna da honra
***
“Ha, ha, ha!
Rio, rio!
Comeis agora teus parentes,
Pois muitos deles já devorei!
Teu tio está em meus ossos,
Teu avô em minhas veias,
Teu pai em meu coração!
Minha carne é carne dos teus que se foram,
Carne dos teus que matei!
Ha, ha, ha!
Comei, bebei, hoje;
Amanhã, me vingam os meus!
Meu irmão te prenderá,
Os meus comerão tua carne,
Assarás em nosso moquém!
Ha, ha, ha!
***
Crepita a fogueira
Sobre o moquém assam carnes,
Do inimigo espostejado;
Na panela de argila,
Fervilham suas vísceras...
A tribo bebe
A tribo come,
Come, come,
Comemora
O matador é herói:
Pode casar,
Gerar filhos,
Frutificar...
A guerra acabou em banquete sangrento...
Longe, longe, muito longe,
Bradam os parentes da vítima,
Se prepara a ingança...
***
“Ah, meu irmão!
Estás morto!
Capturado, comido,
Devorado pelo inimigo!
Assaram tua carne,
Ferveram as tripas!
Ah, meu irmão!
Chora nosso pai,
Chora nossa mãe,
Chora tua esposa,
Choram teus filhos,
Choro eu,
Chora nosso povo!
Ah, meu irmão,
Está morta tua carne!
Tu, que tantos inimigos mataste!
Tu, que tantos cativos fizeste!
Tantas vezes, graças a ti,
Nosso ventre se refestelou nas carnes do inimigo!
Mas, ah, irmão!
Vingada será tua morte!
Iremos guerrear,
Matar, apresar e comer!
Pesada borduna,
Sobre teus assassinos,
Irá se abater!
Descansa, descansa, irmão!
Os inimigos hão de pagar,
Comeremos a carne de teus assassinos!”
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Jaguar
Sou jaguar guerreiro,
Rei da floresta,
Caçador certeiro,
De homem e animal
Espreito, vigio
Tocaio e dou bote,
Mato, rasgo,
Como
Sou jaguar guerreiro,
Espírito da floresta,
Espectro traiçoeiro,
De homem e animal
Rei da floresta,
Caçador certeiro,
De homem e animal
Espreito, vigio
Tocaio e dou bote,
Mato, rasgo,
Como
Sou jaguar guerreiro,
Espírito da floresta,
Espectro traiçoeiro,
De homem e animal
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Floresta das brumas
Durante muito tempo cavalgou
Em planícies férteis,
Dias ensolarados,
Acariciados pela morna brisa
A vida ria e cantava,
Célere passava o tempo,
Mas chegou à floresta
Floresta de brumas,
Da densa névoa
E do frio ar
Nada é o que parece,
Tudo parece o nada
Segue perdido,
Na sombria mortalha
Na floresta, nada há,
Árvores, animais ou vida,
Apenas bruma infinita,
O nada gelado
O olhar só vê escuridão,
O ouvir só encontra silêncio,
O sentir só traz o frio,
O coração só tem solidão
Cego,
Desesperado,
Sozinho,
Seguia o herói
Desbravador do vazio,
Explorador do nada,
Seguia ainda assim
Sua fé o guiava,
No fundo da alma,
Sabia o caminho
Em planícies férteis,
Dias ensolarados,
Acariciados pela morna brisa
A vida ria e cantava,
Célere passava o tempo,
Mas chegou à floresta
Floresta de brumas,
Da densa névoa
E do frio ar
Nada é o que parece,
Tudo parece o nada
Segue perdido,
Na sombria mortalha
Na floresta, nada há,
Árvores, animais ou vida,
Apenas bruma infinita,
O nada gelado
O olhar só vê escuridão,
O ouvir só encontra silêncio,
O sentir só traz o frio,
O coração só tem solidão
Cego,
Desesperado,
Sozinho,
Seguia o herói
Desbravador do vazio,
Explorador do nada,
Seguia ainda assim
Sua fé o guiava,
No fundo da alma,
Sabia o caminho
sábado, 2 de abril de 2011
Cronos
Pai,
Assassino,
Criador,
Devorador
É a sina de Cronos
Implacável ele passa
Eterna paternidade,
Eterno canibalismo
Deuses e homens,
Planetas e continentes,
Artes e línguas
Tudo engendra,
Mata e devora
Triste, triste Cronos,
De sua boca escorre sangue,
E lágrimas de seus olhos...
Assassino,
Criador,
Devorador
É a sina de Cronos
Implacável ele passa
Eterna paternidade,
Eterno canibalismo
Deuses e homens,
Planetas e continentes,
Artes e línguas
Tudo engendra,
Mata e devora
Triste, triste Cronos,
De sua boca escorre sangue,
E lágrimas de seus olhos...
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