segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ítaca

Os muros de Tróia invadi
Os deuses desafiei
Mares, em jornadas infinitas, cruzei
O canto das sereias ouvi
De Polifemo ciclope escapei
As águas mortais de Scila e Caribde venci
Com Circe, a bruxa, vivi
O amor de Alcíone, a deusa, neguei
Às profundezas de Hades fui
E à superfície voltei


Mil perigos afrontei
Mil glórias tive
Mil maravilhas presenciei

Somente em Ítaca, a bela, humilde paz encontrei.

OBS: Tem um pequeno glossário onomástico para "não-humanistas" nos comentários!

5 comentários:

Luiz Fabiano de Freitas Tavares disse...

Os familiarizados com a mitologia grega certamente perceberam que o poema se refere à Odisséia, que narra as aventuras de Ulisses (ou Odisseu). Ele partira para a guerra de Tróia (de fato, ele inventou o estratagema do cavalo). Mas antes de voltar para seu lar, na ilha de Ítaca, Ulisses não fazos devidos sacrifícios aos deuses, que fazem com que se perca no mar, levando anos em sua jornada e enfrentando inúmeros desafios, até que finalmente consegue retornar.

Polifemo - ciclope que aprisiona a tripulação de Ulisses para devorá-los.

Scila e Caribde - dois perigosos monstros que viviam nas margens opostas de um estreito.

Circe - feiticeira que transforma os marinheiros de Ulisses em porcos e o ilude, permanecendo três anos na ilha como se tivessem sido apenas três semanas.

Alcíone - deusa menor do panteão grego, ligada aos ventos, que se apaixona por Ulisses e lhe oferece imortalidade e eterna juventude.

Hades - senhor do reino dos mortos; Ulisses vai até lá para conversar com o profeta morto Tirésias, que o orienta sobre como aplacar a fúria dos deuses.

Ana disse...

tenho certa implicância com o Ulisses desde que eu li Filoctetes... hehe
preciso ler a Odisséia pra tirar a péssima impressão q eu tenho dele.

Luiz Fabiano de Freitas Tavares disse...

Bem, você não está sozinha, Ana! Platão também não ia lá muito com a cara dele, pelos comentários que faz sobre a Odisséia na República. Ele diz que não era um bom exemplo para a formação dos jovens. De fato, um "herói" como Ulisses provavelmente iria para a cadeia nos dias atuais (homicídio, falsidade ideológica...), mas enfim, outros tempos, outros hábitos! Sem contar que o cavalo de Tróia era uma baita sacanagem, comparável a embrulho de presente com bomba dentro, né?rs

DER BLAUE ENGEL disse...

Que é isso, minha gente!! Pensem em Ulisses como um pré-Macunaíma. Um anti-herói seminal para a cultura ocidental...;)

Luiz Fabiano de Freitas Tavares disse...

hahaha Gostei do "pré-macunaíma"!rs