Agradeço...
Aos trovões e espinhos,
Ferros e brasas,
Tempestades e tufões,
Que a cada dia, mais forte me tornam
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
sábado, 10 de setembro de 2011
Coeur troublé
Coeur troublé,
Tempête énorme,
Esprit faible,
Sous les éclats
Éprouvé de feux et morts,
Plongé dans le sombre froid
Mes yeux noirs, noircis,
Regardent sans fond
Je tatône parmi mes souffrances,
Je me traîne parmi les faiblesses,
Mais je ne désiste pas
Tempête énorme,
Esprit faible,
Sous les éclats
Éprouvé de feux et morts,
Plongé dans le sombre froid
Mes yeux noirs, noircis,
Regardent sans fond
Je tatône parmi mes souffrances,
Je me traîne parmi les faiblesses,
Mais je ne désiste pas
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Wii
A Shigeru Miyamoto
Aperto o botão:
Qual forças represadas,
Deuses elétricos percorrem circuitos,
Como um sangue vital,
Mil magias desencadeadas
Dão vida ao misterioso portal
Por japoneses magos construído;
Me suga eletrônica voragem
Arrebatando para mundos desconhecidos
Onde muitas vidas posso ser:
Já fui caçador alienígena,
De vingança sedento;
Já deus lobo também,
A criar mundos com tinta e pincel;
Em violenta metrópole,
Justiceiro encapuzado,
Rapaz franzino
A matar dragões,
Multiatleta de mar e terra
A enfrentar mil campeões;
Até, louco encanador,
Visitei intergalácticos torrões;
Discípulo de imperial vilão,
Em rebeldia me redimi
E mesmo, aprendiz de bruxo,
Mil feitiços aprendi...
Aperto o botão:
Volto à vida,
Vida encantada,
E encantado volto,
A tudo encantar...
Aperto o botão:
Qual forças represadas,
Deuses elétricos percorrem circuitos,
Como um sangue vital,
Mil magias desencadeadas
Dão vida ao misterioso portal
Por japoneses magos construído;
Me suga eletrônica voragem
Arrebatando para mundos desconhecidos
Onde muitas vidas posso ser:
Já fui caçador alienígena,
De vingança sedento;
Já deus lobo também,
A criar mundos com tinta e pincel;
Em violenta metrópole,
Justiceiro encapuzado,
Rapaz franzino
A matar dragões,
Multiatleta de mar e terra
A enfrentar mil campeões;
Até, louco encanador,
Visitei intergalácticos torrões;
Discípulo de imperial vilão,
Em rebeldia me redimi
E mesmo, aprendiz de bruxo,
Mil feitiços aprendi...
Aperto o botão:
Volto à vida,
Vida encantada,
E encantado volto,
A tudo encantar...
Lamento
Jaz meu povo em túmulos abertos
A morte se espalha entre nós
A doença come nossas carnes
Ferro e fogo do inimigo nos trespassam
Ah, cruel destino!
Os campos não produzem mais
A terra está queimada
As reses espalhadas
Os rios secam ao sol
Ah, cruel destino!
A criança morre doente
A mulher fenece antes de parir
O guerreiro sucumbe sem forças
Nosso futuro não existe mais
Ah, destino cruel!
Deuses malditos,
Demônios infinitos,
Por que me destes velhice
Para ver meu povo morrer?
Ah, destino cruel!
A morte se espalha entre nós
A doença come nossas carnes
Ferro e fogo do inimigo nos trespassam
Ah, cruel destino!
Os campos não produzem mais
A terra está queimada
As reses espalhadas
Os rios secam ao sol
Ah, cruel destino!
A criança morre doente
A mulher fenece antes de parir
O guerreiro sucumbe sem forças
Nosso futuro não existe mais
Ah, destino cruel!
Deuses malditos,
Demônios infinitos,
Por que me destes velhice
Para ver meu povo morrer?
Ah, destino cruel!
sábado, 16 de julho de 2011
Pour toi
Pour toi,
J`ai tout fait,
Tout souffert,
Tout vécu
J´ai mille pas marché,
Des eaux traversées,
Vendu la chemise et la peau,
Les doigts et les anneaux
J´ai fait tout,
Mais pas trôp,
Bien le ferais,
Tout à nouveau
J`ai tout fait,
Tout souffert,
Tout vécu
J´ai mille pas marché,
Des eaux traversées,
Vendu la chemise et la peau,
Les doigts et les anneaux
J´ai fait tout,
Mais pas trôp,
Bien le ferais,
Tout à nouveau
terça-feira, 28 de junho de 2011
Antes da batalha
"Meus guerreiros,
Meus amigos,
Chega a hora!
Luta haverá,
Sangue haverá,
Morte haverá
Na poeira do combate
Se apaga o sol,
Mas brilharão nossos olhos
Falcões altaneiros,
Leões orgulhosos,
Combatamos!
Vencer não é objetivo,
Sobreviver tampouco,
Mas até hora extrema,
Bravamente lutar
Há honra,
Há glória,
Para o que não teme a morte!
Lembrem, amigos,
Nossa arma é a coragem!"
Meus amigos,
Chega a hora!
Luta haverá,
Sangue haverá,
Morte haverá
Na poeira do combate
Se apaga o sol,
Mas brilharão nossos olhos
Falcões altaneiros,
Leões orgulhosos,
Combatamos!
Vencer não é objetivo,
Sobreviver tampouco,
Mas até hora extrema,
Bravamente lutar
Há honra,
Há glória,
Para o que não teme a morte!
Lembrem, amigos,
Nossa arma é a coragem!"
terça-feira, 17 de maio de 2011
Visão
Olhei o passado infinito,
Em transe, sono, pesadelo,
Um mar sangrento
Rugia sem paz
De todo lado,
Flutuantes cadáveres,
Ruínas castigadas,
Por onda, vento, chuva
O sangue turbulento
Ruge, ruge, rouge
Açulado por mil carrascos,
Fantasmas da História
"Ô, peuple, Océan!"
Ásia e Europa,
América, África,
Oceania,
Sangram lágrimas
Átilas e Napoleões,
Hitlers e Bushs
Fulguram sinistros
Na noite sombria
Massacres religiosos,
Festins canibais,
Fogueiras de fé,
Brilham vorazes
Revolucionários e ditadores,
Resistentes e conquistadores,
Cruéis e malditos,
Gritam, matam, se devoram
O pesadelo horrendo
Me envolve,
Tortura, ilude,
Apavora
Olho para o alto:
Estrelas brilham
No Céu,
Mais infinito que o Oceano...
Em transe, sono, pesadelo,
Um mar sangrento
Rugia sem paz
De todo lado,
Flutuantes cadáveres,
Ruínas castigadas,
Por onda, vento, chuva
O sangue turbulento
Ruge, ruge, rouge
Açulado por mil carrascos,
Fantasmas da História
"Ô, peuple, Océan!"
Ásia e Europa,
América, África,
Oceania,
Sangram lágrimas
Átilas e Napoleões,
Hitlers e Bushs
Fulguram sinistros
Na noite sombria
Massacres religiosos,
Festins canibais,
Fogueiras de fé,
Brilham vorazes
Revolucionários e ditadores,
Resistentes e conquistadores,
Cruéis e malditos,
Gritam, matam, se devoram
O pesadelo horrendo
Me envolve,
Tortura, ilude,
Apavora
Olho para o alto:
Estrelas brilham
No Céu,
Mais infinito que o Oceano...
domingo, 8 de maio de 2011
Ea
Deus da água doce,
Senhor da sabedoria,
Me curvo humilde!
Aplaca-me a sede do corpo,
Aplaca-me a sede da alma!
Enche meus campos de vida,
E de sabedoria meu coração!
Senhor da sabedoria,
Me curvo humilde!
Aplaca-me a sede do corpo,
Aplaca-me a sede da alma!
Enche meus campos de vida,
E de sabedoria meu coração!
Xadrez
Guerra em branco e preto,
De quadriculada geografia
Soa o clarim...
Avançam peões,
Responde a cavalaria veloz!
Oblíquo manobra o bispo,
Cai logo a torre;
Sedutora ataca a rainha,
E xeque-mate!
De quadriculada geografia
Soa o clarim...
Avançam peões,
Responde a cavalaria veloz!
Oblíquo manobra o bispo,
Cai logo a torre;
Sedutora ataca a rainha,
E xeque-mate!
sábado, 7 de maio de 2011
Foto antiga
Foto antiga,
Assombrada,
Cheia de cadáveres,
Espectros e fantasmas malsãos
Imagem de vampiros, parasitas,
Vorazes predadores,
Assassinos mascarados,
Satânicos anjos
Coberta de sorrisos fenecidos,
Amizades apodrecidas,
Sombras hipócritas,
Rictus cadavérico
Foto antiga,
Te conjuro!
Afasta-te daqui,
Queima no inferno,
Castiga em chamas as macabras aparências!
Sacrifica-te, foto esquecida,
No altar da sinceridade.
Assombrada,
Cheia de cadáveres,
Espectros e fantasmas malsãos
Imagem de vampiros, parasitas,
Vorazes predadores,
Assassinos mascarados,
Satânicos anjos
Coberta de sorrisos fenecidos,
Amizades apodrecidas,
Sombras hipócritas,
Rictus cadavérico
Foto antiga,
Te conjuro!
Afasta-te daqui,
Queima no inferno,
Castiga em chamas as macabras aparências!
Sacrifica-te, foto esquecida,
No altar da sinceridade.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Corsário
Corsário sou,
Em nome do rei!
Quero glória,
Aventura e butim!
Sobre iradas águas navego,
Sob estrelas do Equador;
Exceto frio e tédio,
Nada temo!
Já vi muitos mares,
Batalhas também,
Tremem português, espanhol,
Ouvindo meu nome!
Tudo me serve:
Dos Andes, prata,
Açúcar do Brasil;
Mas, de Cuba,
Rum não me falte!
Quero glória,
Aventura e butim!
Corsário sou,
Em nome do rei!
Em nome do rei!
Quero glória,
Aventura e butim!
Sobre iradas águas navego,
Sob estrelas do Equador;
Exceto frio e tédio,
Nada temo!
Já vi muitos mares,
Batalhas também,
Tremem português, espanhol,
Ouvindo meu nome!
Tudo me serve:
Dos Andes, prata,
Açúcar do Brasil;
Mas, de Cuba,
Rum não me falte!
Quero glória,
Aventura e butim!
Corsário sou,
Em nome do rei!
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Guerra tupinambá
“Ah, meu irmão!
Estás morto!
Capturado, comido,
Devorado pelo inimigo!
Assaram tua carne,
Ferveram as tripas!
Ah, meu irmão!
Chora nosso pai,
Chora nossa mãe,
Chora tua esposa,
Choram teus filhos,
Choro eu,
Chora todo povo!
Ah, meu irmão!
Está morta tua carne!
Tu, que tantos inimigos mataste!
Tu, que tantos cativos fizeste!
Tantas vezes, graças a ti,
Nosso ventre se refestelou nas carnes do inimigo!
Mas, ah, irmão!
Vingada será tua morte!
Iremos guerrear,
Matar, apresar e comer!
Pesada borduna,
Sobre teus assassinos,
Irá se abater!
Descansa, descansa, irmão!
Os inimigos hão de pagar,
Comeremos a carne de teus assassinos!”
***
Encontro terrível,
Na praia ocorre,
De lado e doutro,
Voam flechas,
Sobem gritos
Corpos se encontram,
Choque terrível,
Bordunas ferem,
Tacapes se abatem
Tudo é arma,
Dente e unha até
Rubra fica a areia,
As ondas, rosadas
A batalha é curta e mortal
Perdedores correm,
Vencedores gritam
Com cicatrizes de glória,
Retornam os matadores;
Feliz, um rapaz,
Arrasta cativo
***
“Olhem lá, amigas,
Olhem lá, irmãs!
Retornam nossos amantes,
Retornam nossos maridos!
Trazem carne,
Para o moquém!
Ah, que carnudo guerreiro trazem!
Bravo, bravo, nosso rapaz,
Seu primeiro cativo traz!
Dentro de poucas luas,
Banquete teremos,
Tripas na panela,
Carne na grelha!
Beberemos muito cauim,
Dançaremos na noite sem fim!”
***
Dorme na rede o cativo,
Sente o frescor da noite,
Sonha...
Sua vida é boa:
Lhe deram mulher
Tem comida
Caça com os captores
Será um deles até sua morte,
Será um deles depois da morte...
Será devorado, comido,
Tornar-se-á parte deles:
Sua coragem estará em seus corações,
Seu vigor correrá em suas veias,
Sua astúcia brilhará em seus olhos,
Sua vida continua na carne dos inimigos...
***
Toda a aldeia canta em êxtase,
Glória, poder e apetite!
Aguardam o cativo,
Aguardam a presa,
Aguardam a refeição...
Sai da tenda a vítima;
Vem magnífico:
Emplumado, pintado,
Glorioso, emana poder;
Cenho franzido e altaneiro,
Olhos de ódio faiscantes!
A multidão grita entusiasmada
Um bravo será abatido,
A presa é digna da honra
***
“Ha, ha, ha!
Rio, rio!
Comeis agora teus parentes,
Pois muitos deles já devorei!
Teu tio está em meus ossos,
Teu avô em minhas veias,
Teu pai em meu coração!
Minha carne é carne dos teus que se foram,
Carne dos teus que matei!
Ha, ha, ha!
Comei, bebei, hoje;
Amanhã, me vingam os meus!
Meu irmão te prenderá,
Os meus comerão tua carne,
Assarás em nosso moquém!
Ha, ha, ha!
***
Crepita a fogueira
Sobre o moquém assam carnes,
Do inimigo espostejado;
Na panela de argila,
Fervilham suas vísceras...
A tribo bebe
A tribo come,
Come, come,
Comemora
O matador é herói:
Pode casar,
Gerar filhos,
Frutificar...
A guerra acabou em banquete sangrento...
Longe, longe, muito longe,
Bradam os parentes da vítima,
Se prepara a ingança...
***
“Ah, meu irmão!
Estás morto!
Capturado, comido,
Devorado pelo inimigo!
Assaram tua carne,
Ferveram as tripas!
Ah, meu irmão!
Chora nosso pai,
Chora nossa mãe,
Chora tua esposa,
Choram teus filhos,
Choro eu,
Chora nosso povo!
Ah, meu irmão,
Está morta tua carne!
Tu, que tantos inimigos mataste!
Tu, que tantos cativos fizeste!
Tantas vezes, graças a ti,
Nosso ventre se refestelou nas carnes do inimigo!
Mas, ah, irmão!
Vingada será tua morte!
Iremos guerrear,
Matar, apresar e comer!
Pesada borduna,
Sobre teus assassinos,
Irá se abater!
Descansa, descansa, irmão!
Os inimigos hão de pagar,
Comeremos a carne de teus assassinos!”
Estás morto!
Capturado, comido,
Devorado pelo inimigo!
Assaram tua carne,
Ferveram as tripas!
Ah, meu irmão!
Chora nosso pai,
Chora nossa mãe,
Chora tua esposa,
Choram teus filhos,
Choro eu,
Chora todo povo!
Ah, meu irmão!
Está morta tua carne!
Tu, que tantos inimigos mataste!
Tu, que tantos cativos fizeste!
Tantas vezes, graças a ti,
Nosso ventre se refestelou nas carnes do inimigo!
Mas, ah, irmão!
Vingada será tua morte!
Iremos guerrear,
Matar, apresar e comer!
Pesada borduna,
Sobre teus assassinos,
Irá se abater!
Descansa, descansa, irmão!
Os inimigos hão de pagar,
Comeremos a carne de teus assassinos!”
***
Encontro terrível,
Na praia ocorre,
De lado e doutro,
Voam flechas,
Sobem gritos
Corpos se encontram,
Choque terrível,
Bordunas ferem,
Tacapes se abatem
Tudo é arma,
Dente e unha até
Rubra fica a areia,
As ondas, rosadas
A batalha é curta e mortal
Perdedores correm,
Vencedores gritam
Com cicatrizes de glória,
Retornam os matadores;
Feliz, um rapaz,
Arrasta cativo
***
“Olhem lá, amigas,
Olhem lá, irmãs!
Retornam nossos amantes,
Retornam nossos maridos!
Trazem carne,
Para o moquém!
Ah, que carnudo guerreiro trazem!
Bravo, bravo, nosso rapaz,
Seu primeiro cativo traz!
Dentro de poucas luas,
Banquete teremos,
Tripas na panela,
Carne na grelha!
Beberemos muito cauim,
Dançaremos na noite sem fim!”
***
Dorme na rede o cativo,
Sente o frescor da noite,
Sonha...
Sua vida é boa:
Lhe deram mulher
Tem comida
Caça com os captores
Será um deles até sua morte,
Será um deles depois da morte...
Será devorado, comido,
Tornar-se-á parte deles:
Sua coragem estará em seus corações,
Seu vigor correrá em suas veias,
Sua astúcia brilhará em seus olhos,
Sua vida continua na carne dos inimigos...
***
Toda a aldeia canta em êxtase,
Glória, poder e apetite!
Aguardam o cativo,
Aguardam a presa,
Aguardam a refeição...
Sai da tenda a vítima;
Vem magnífico:
Emplumado, pintado,
Glorioso, emana poder;
Cenho franzido e altaneiro,
Olhos de ódio faiscantes!
A multidão grita entusiasmada
Um bravo será abatido,
A presa é digna da honra
***
“Ha, ha, ha!
Rio, rio!
Comeis agora teus parentes,
Pois muitos deles já devorei!
Teu tio está em meus ossos,
Teu avô em minhas veias,
Teu pai em meu coração!
Minha carne é carne dos teus que se foram,
Carne dos teus que matei!
Ha, ha, ha!
Comei, bebei, hoje;
Amanhã, me vingam os meus!
Meu irmão te prenderá,
Os meus comerão tua carne,
Assarás em nosso moquém!
Ha, ha, ha!
***
Crepita a fogueira
Sobre o moquém assam carnes,
Do inimigo espostejado;
Na panela de argila,
Fervilham suas vísceras...
A tribo bebe
A tribo come,
Come, come,
Comemora
O matador é herói:
Pode casar,
Gerar filhos,
Frutificar...
A guerra acabou em banquete sangrento...
Longe, longe, muito longe,
Bradam os parentes da vítima,
Se prepara a ingança...
***
“Ah, meu irmão!
Estás morto!
Capturado, comido,
Devorado pelo inimigo!
Assaram tua carne,
Ferveram as tripas!
Ah, meu irmão!
Chora nosso pai,
Chora nossa mãe,
Chora tua esposa,
Choram teus filhos,
Choro eu,
Chora nosso povo!
Ah, meu irmão,
Está morta tua carne!
Tu, que tantos inimigos mataste!
Tu, que tantos cativos fizeste!
Tantas vezes, graças a ti,
Nosso ventre se refestelou nas carnes do inimigo!
Mas, ah, irmão!
Vingada será tua morte!
Iremos guerrear,
Matar, apresar e comer!
Pesada borduna,
Sobre teus assassinos,
Irá se abater!
Descansa, descansa, irmão!
Os inimigos hão de pagar,
Comeremos a carne de teus assassinos!”
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Jaguar
Sou jaguar guerreiro,
Rei da floresta,
Caçador certeiro,
De homem e animal
Espreito, vigio
Tocaio e dou bote,
Mato, rasgo,
Como
Sou jaguar guerreiro,
Espírito da floresta,
Espectro traiçoeiro,
De homem e animal
Rei da floresta,
Caçador certeiro,
De homem e animal
Espreito, vigio
Tocaio e dou bote,
Mato, rasgo,
Como
Sou jaguar guerreiro,
Espírito da floresta,
Espectro traiçoeiro,
De homem e animal
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Floresta das brumas
Durante muito tempo cavalgou
Em planícies férteis,
Dias ensolarados,
Acariciados pela morna brisa
A vida ria e cantava,
Célere passava o tempo,
Mas chegou à floresta
Floresta de brumas,
Da densa névoa
E do frio ar
Nada é o que parece,
Tudo parece o nada
Segue perdido,
Na sombria mortalha
Na floresta, nada há,
Árvores, animais ou vida,
Apenas bruma infinita,
O nada gelado
O olhar só vê escuridão,
O ouvir só encontra silêncio,
O sentir só traz o frio,
O coração só tem solidão
Cego,
Desesperado,
Sozinho,
Seguia o herói
Desbravador do vazio,
Explorador do nada,
Seguia ainda assim
Sua fé o guiava,
No fundo da alma,
Sabia o caminho
Em planícies férteis,
Dias ensolarados,
Acariciados pela morna brisa
A vida ria e cantava,
Célere passava o tempo,
Mas chegou à floresta
Floresta de brumas,
Da densa névoa
E do frio ar
Nada é o que parece,
Tudo parece o nada
Segue perdido,
Na sombria mortalha
Na floresta, nada há,
Árvores, animais ou vida,
Apenas bruma infinita,
O nada gelado
O olhar só vê escuridão,
O ouvir só encontra silêncio,
O sentir só traz o frio,
O coração só tem solidão
Cego,
Desesperado,
Sozinho,
Seguia o herói
Desbravador do vazio,
Explorador do nada,
Seguia ainda assim
Sua fé o guiava,
No fundo da alma,
Sabia o caminho
sábado, 2 de abril de 2011
Cronos
Pai,
Assassino,
Criador,
Devorador
É a sina de Cronos
Implacável ele passa
Eterna paternidade,
Eterno canibalismo
Deuses e homens,
Planetas e continentes,
Artes e línguas
Tudo engendra,
Mata e devora
Triste, triste Cronos,
De sua boca escorre sangue,
E lágrimas de seus olhos...
Assassino,
Criador,
Devorador
É a sina de Cronos
Implacável ele passa
Eterna paternidade,
Eterno canibalismo
Deuses e homens,
Planetas e continentes,
Artes e línguas
Tudo engendra,
Mata e devora
Triste, triste Cronos,
De sua boca escorre sangue,
E lágrimas de seus olhos...
quinta-feira, 31 de março de 2011
Vácuo
Quero ser ex-BBB,
E aparecer na TV,
Posar na Playboy ou na G
Vivo antenado ao mundo,
Sei tudo que se passa,
Leio Caras e Quem
Vejo as novelas e o Jornal,
Claro, Nacional!
Votei no Tiririca,
No Bebeto ou no Romário
E, é claro, votei pro paredão:
Não me omito, não!
Meus ídolos cantam Axé,
Funk e muito Pagode,
Em minha festa,
Outra música não pode
Sou cidadão,
Tenho direitos,
Sendo o maior,
A informação...
E aparecer na TV,
Posar na Playboy ou na G
Vivo antenado ao mundo,
Sei tudo que se passa,
Leio Caras e Quem
Vejo as novelas e o Jornal,
Claro, Nacional!
Votei no Tiririca,
No Bebeto ou no Romário
E, é claro, votei pro paredão:
Não me omito, não!
Meus ídolos cantam Axé,
Funk e muito Pagode,
Em minha festa,
Outra música não pode
Sou cidadão,
Tenho direitos,
Sendo o maior,
A informação...
quarta-feira, 30 de março de 2011
O Canibal
Chegou no escritório
Sentou-se à mesa
Pediu café,
Seu Armani ajeitou,
E discreto, peidou
Café tomado, lê:
Relatórios,
Balanços,
Memorandos,
Papelada de sempre
Parou
Pensou
Pensou mais um pouquinho
E fez,
Decidiu e fez!
Pegou ipad,
Escreveu pro RH;
"Menos cinquenta funcionários...
Ótimo!"
Com um e-mail,
Comeu a carne,
Bebeu o sangue,
Roeu os osssos,
De cinquenta famílias
Sentou-se à mesa
Pediu café,
Seu Armani ajeitou,
E discreto, peidou
Café tomado, lê:
Relatórios,
Balanços,
Memorandos,
Papelada de sempre
Parou
Pensou
Pensou mais um pouquinho
E fez,
Decidiu e fez!
Pegou ipad,
Escreveu pro RH;
"Menos cinquenta funcionários...
Ótimo!"
Com um e-mail,
Comeu a carne,
Bebeu o sangue,
Roeu os osssos,
De cinquenta famílias
terça-feira, 29 de março de 2011
Auto-arqueologia
Sou sítio arqueológico vital,
Com estratigrafia individual,
Sob camadas de tempo e cotidiano,
Muitos mundos,
Muitos eus...
Artefatos lembrados,
Sentimentos fossilizados,
Ocasiões bem conservadas,
Pessoas que só deixaram vestígios...
Quanto esforço e alegria,
Quanto método, quanta dor,
Medo e satisfação,
Demandaria tal escavação?
Com estratigrafia individual,
Sob camadas de tempo e cotidiano,
Muitos mundos,
Muitos eus...
Artefatos lembrados,
Sentimentos fossilizados,
Ocasiões bem conservadas,
Pessoas que só deixaram vestígios...
Quanto esforço e alegria,
Quanto método, quanta dor,
Medo e satisfação,
Demandaria tal escavação?
segunda-feira, 28 de março de 2011
O Músico
Sentou-se à beira do cais
Instrumento na mão,
Pôs-se a tocar;
A música espalhou-se pelo ar...
Dançaram as ondas,
Aos singelos acordes;
Os peixes dormiam,
Embalados no mar
Passavam devagar,
Os barcos, ao longe,
Apenas para escutar
Animadas gaivotas,
Em roda bailavam, a cantar;
Cabeleira escaldante sacudia
O Sol a rodar
Empolgadas nuvens trovejaram,
Derramando dilúvio,
E a Lua veio ver curiosa,
Jogando o Sol sobre o mar
A terra tremia,
Estrelas caíam;
O mundo acabava,
Allegro trovejando
Cansado o músico,
Instrumento calou
Tudo ficou no lugar
Instrumento na mão,
Pôs-se a tocar;
A música espalhou-se pelo ar...
Dançaram as ondas,
Aos singelos acordes;
Os peixes dormiam,
Embalados no mar
Passavam devagar,
Os barcos, ao longe,
Apenas para escutar
Animadas gaivotas,
Em roda bailavam, a cantar;
Cabeleira escaldante sacudia
O Sol a rodar
Empolgadas nuvens trovejaram,
Derramando dilúvio,
E a Lua veio ver curiosa,
Jogando o Sol sobre o mar
A terra tremia,
Estrelas caíam;
O mundo acabava,
Allegro trovejando
Cansado o músico,
Instrumento calou
Tudo ficou no lugar
quinta-feira, 17 de março de 2011
Quando a Guanabara era francesa...
Quando a Guanabara era francesa...
Ah!
Havia de tudo aqui,
Milhares de índios tupi,
Papagaio, arara, sagui,
Jaca, banana, abacaxi...
Havia uma cavaleiro de Malta,
Villegagnon chamado,
Guerreiro forte,
Hábil cruzado
Havia um forte,
Tão forte como não há,
Canhões e colonos,
Em Coligny
De todos os tipos,
Havia franceses:
Bandidos, operários,
Libertinos, religiosos,
Nobres e plebeus
Em religião,
Havia de tudo,
Thevet franciscano
E Richer pastor...
Mas entendimento...
Não!
Mais tout a changé
Fiers portugais,
Avec armes, épées,
Térribles soldats,
En bateaux arrivés
Feux,
Fumées,
Sang,
Canons,
Épées,
Térribles mêlées
À la fin,
Là, li,
Saint Sébastien,
Et plus de Coligny!
Quando a Guanabara era francesa...
Ah!
Ah!
Havia de tudo aqui,
Milhares de índios tupi,
Papagaio, arara, sagui,
Jaca, banana, abacaxi...
Havia uma cavaleiro de Malta,
Villegagnon chamado,
Guerreiro forte,
Hábil cruzado
Havia um forte,
Tão forte como não há,
Canhões e colonos,
Em Coligny
De todos os tipos,
Havia franceses:
Bandidos, operários,
Libertinos, religiosos,
Nobres e plebeus
Em religião,
Havia de tudo,
Thevet franciscano
E Richer pastor...
Mas entendimento...
Não!
Mais tout a changé
Fiers portugais,
Avec armes, épées,
Térribles soldats,
En bateaux arrivés
Feux,
Fumées,
Sang,
Canons,
Épées,
Térribles mêlées
À la fin,
Là, li,
Saint Sébastien,
Et plus de Coligny!
Quando a Guanabara era francesa...
Ah!

quarta-feira, 16 de março de 2011
Quando o Rio era francês...
terça-feira, 15 de março de 2011
Cygnus
Gracioso
Voa o cisne,
Sobre o pico nevado
Volteia elegante,
Pousa no lago
Branco acima
Reflete o céu,
Reflete a água
Branco abaixo
Neve nuvem,
Montanha lago,
Canta o cisne...
No céu gelado,
No lago gelado,
No mundo gelado,
Morre o cisne,
Gracioso
Voa o cisne,
Sobre o pico nevado
Volteia elegante,
Pousa no lago
Branco acima
Reflete o céu,
Reflete a água
Branco abaixo
Neve nuvem,
Montanha lago,
Canta o cisne...
No céu gelado,
No lago gelado,
No mundo gelado,
Morre o cisne,
Gracioso
domingo, 13 de março de 2011
Draco dormiens
Dragão nas trevas,
Dorme, sonha
No ventre da terra,
Caverna profunda
Olhos fechados,
Roncando troveja,
Se vira, aconchega,
Resmunga e sorri
Livre no céu,
Em seu sonho voa
Entre brancas nuvens,
No macio azul
Vento sente,
Gira e rodopia,
Mergulha e decola,
Livre, livre, livre!
Avista o alvo;
Embica, mergulha,
Veloz, invencível,
Ataca e abocanha
Ah, carne fresca,
Sangue quente!
O ventre empapuça,
Em morno prazer
Gordo e roliço,
Era um padre,
De macia carne,
De tanto rezar
Amém!
Grunhe a fera;
Rosna e decola,
Sorriso na fuça
Voa mais!
Mais contente,
Mais alto,
Mais acima,
Mais além...
Na alta montanha,
Estranho castelo
"Toca de homem..."
Pensa a besta
"Quero ver!"
Curioso e valente,
A bizarra caverna
Deseja entender
Voa perto,
Voa baixo,
Arisco, se arrisca,
Só para olhar
De repente...
Medo!
Pânico!
Pavor!
Certeiras, selvagens
As setas disparam
Homens armados,
Arqueiros valentes
Escama se rompe
E sangue jorra;
Fraqueja a fera,
Da altura cai
No chão se espatifa,
Com ruído e estrondo
Quebra a pata,
Não levanta mais
Homens... mais!
Cercam, espetam,
Com lança e espada:
Dor, dor, dor...
O olho se fecha,
Chora o dragão,
Urra sofrendo,
Agonia e terror
Se mexe, baba, acorda...
Nada de homem,
Espada, flecha ou lança...
Apenas a caverna,
E restos da janta!
Se ajeita, aconchega, dorme outra vez...
Dorme, sonha
No ventre da terra,
Caverna profunda
Olhos fechados,
Roncando troveja,
Se vira, aconchega,
Resmunga e sorri
Livre no céu,
Em seu sonho voa
Entre brancas nuvens,
No macio azul
Vento sente,
Gira e rodopia,
Mergulha e decola,
Livre, livre, livre!
Avista o alvo;
Embica, mergulha,
Veloz, invencível,
Ataca e abocanha
Ah, carne fresca,
Sangue quente!
O ventre empapuça,
Em morno prazer
Gordo e roliço,
Era um padre,
De macia carne,
De tanto rezar
Amém!
Grunhe a fera;
Rosna e decola,
Sorriso na fuça
Voa mais!
Mais contente,
Mais alto,
Mais acima,
Mais além...
Na alta montanha,
Estranho castelo
"Toca de homem..."
Pensa a besta
"Quero ver!"
Curioso e valente,
A bizarra caverna
Deseja entender
Voa perto,
Voa baixo,
Arisco, se arrisca,
Só para olhar
De repente...
Medo!
Pânico!
Pavor!
Certeiras, selvagens
As setas disparam
Homens armados,
Arqueiros valentes
Escama se rompe
E sangue jorra;
Fraqueja a fera,
Da altura cai
No chão se espatifa,
Com ruído e estrondo
Quebra a pata,
Não levanta mais
Homens... mais!
Cercam, espetam,
Com lança e espada:
Dor, dor, dor...
O olho se fecha,
Chora o dragão,
Urra sofrendo,
Agonia e terror
Se mexe, baba, acorda...
Nada de homem,
Espada, flecha ou lança...
Apenas a caverna,
E restos da janta!
Se ajeita, aconchega, dorme outra vez...
quarta-feira, 9 de março de 2011
Flagelorum mundi
Ignorância voluntária,
Superficialidade ansiada,
Ídolos ocos,
Best-sellers nas estantes,
Museus vazios...
Meu pesadelo,
Meu mundo...
Superficialidade ansiada,
Ídolos ocos,
Best-sellers nas estantes,
Museus vazios...
Meu pesadelo,
Meu mundo...
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