Brilha o Sol,
Infernal calor,
Ofuscantes reflexos,
No Guadalete
Massas se espremem;
De um lado a Cruz,
De outro o Crescente
Meros pretextos
Espuma Tárik,
Rosna Roderico
Soam trombetas
Voam setas
Trotam cavalos
Retinem espadas
Ressoam escudos
Avançam lanças
Cedem ventres
Rolam cabeças
Pendem braços
Saltam vísceras
Caem miolos
Tombam homens
Sangue, sangue, sangue!
Passáros carniceiros
Famintos lobos
Escumam de apetite
Macabro repasto!
O campo de batalha é cozinha fumegante
Bravos atacam godos
Timidos recuam mouros
Roderico sorri
Tárik espera
A Cruz parece rir do Crescente
A tarde avança
Os godos também
O sangue vira lago;
Os cadáveres, montanha
Impávido corre Roderico:
Espada em riste,
Mergulha sobre o infiel
Esmagado pelas patas do cavalo
Trágico cálculo...
Os godos perdem o rei;
Entre muralha de mouros,
Roderico está só
Roderico gargalha
Roderico sangra
Roderico golpeia
Roderico morre
Corre o rumor
"O rei está morto!"
Corre o terror
Tomba decapitada a tropa goda
Qual cimitarra,
O sarraceno avança
Tárik sorri
O godo desespera
O godo recua
O godo foge
Livra-se o caminho de Toledo
Abrem-se as portas da conquista
De Gibraltar aos Pirineus
Brilha já o Crescente
Com Roderico morre uma era;
Com Tárik nasce outra
Ah, Guadalete, doloroso parto!
Morte ao Reino dos Godos!
Viva o Califado de Toledo!
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