Seu coração era enorme
Corria em suas veias Amor
Com mãos enormes
Cavava canais,
Abria caminhos,
Achanava terrenos
Derrubava montanhas;
Tudo em benefício dos pequenos homens,
Frágeis homens
E eram gratos
Cantavam, festejavam, louvavam
As crianças brincavam,
Subiam, desciam, pulavam
Em suas mãos enormes
As mulheres faziam quitutes
Para seu titânico apetite
Em cada aldeia, em cada burgo,
Em cada província, em cada reino
A chegada do amigo era comemorada
Humilde, agradecia,
Mas de nada precisava...
Nem exigia!
Desinteressado seguia,
Ajudando os homens,
Compadecido da pequenez
Passou o tempo;
Geniais e geniosos,
Os homens inventaram,
Inventaram muito:
Máquinas de paz,
Máquinas de guerra
Dispensavam o gigante
Era desnecessário
Sua pujança, ah!
Lembrava-lhes sua fraqueza
O amigo incomodava,
Contrastante testemunho
Da fragilidade humana
Ao bondoso titã
Guerra declarou-se
Seu grande coração,
De tristeza se encheu
Com tanques-formiga,
Aviões-mosquito,
Petardos-ferrão,
Tentavam ferir a montanha
Apenas caminhava
O benfeitor,
Evitando o pisão
Em algum minúsculo
Sumiu
Não visitava aldeias,
Não aparecia em burgos,
Não o viam as províncias,
Esqueceram-no os reinos
Seguiram os homens,
Sua vidinha de baratas
Mas não viam...
Não sabiam...
À noite...
Quando todos dormiam...
Silencioso...
Sorrateiro...
Lá estava ele...
Cavando canais...
Abrindo caminhos...
Achanando terrenos...
Derrubando montanhas...
Tudo em benefício dos pequenos homens,
Mesquinhos homens...
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