Quero ser ex-BBB,
E aparecer na TV,
Posar na Playboy ou na G
Vivo antenado ao mundo,
Sei tudo que se passa,
Leio Caras e Quem
Vejo as novelas e o Jornal,
Claro, Nacional!
Votei no Tiririca,
No Bebeto ou no Romário
E, é claro, votei pro paredão:
Não me omito, não!
Meus ídolos cantam Axé,
Funk e muito Pagode,
Em minha festa,
Outra música não pode
Sou cidadão,
Tenho direitos,
Sendo o maior,
A informação...
quinta-feira, 31 de março de 2011
quarta-feira, 30 de março de 2011
O Canibal
Chegou no escritório
Sentou-se à mesa
Pediu café,
Seu Armani ajeitou,
E discreto, peidou
Café tomado, lê:
Relatórios,
Balanços,
Memorandos,
Papelada de sempre
Parou
Pensou
Pensou mais um pouquinho
E fez,
Decidiu e fez!
Pegou ipad,
Escreveu pro RH;
"Menos cinquenta funcionários...
Ótimo!"
Com um e-mail,
Comeu a carne,
Bebeu o sangue,
Roeu os osssos,
De cinquenta famílias
Sentou-se à mesa
Pediu café,
Seu Armani ajeitou,
E discreto, peidou
Café tomado, lê:
Relatórios,
Balanços,
Memorandos,
Papelada de sempre
Parou
Pensou
Pensou mais um pouquinho
E fez,
Decidiu e fez!
Pegou ipad,
Escreveu pro RH;
"Menos cinquenta funcionários...
Ótimo!"
Com um e-mail,
Comeu a carne,
Bebeu o sangue,
Roeu os osssos,
De cinquenta famílias
terça-feira, 29 de março de 2011
Auto-arqueologia
Sou sítio arqueológico vital,
Com estratigrafia individual,
Sob camadas de tempo e cotidiano,
Muitos mundos,
Muitos eus...
Artefatos lembrados,
Sentimentos fossilizados,
Ocasiões bem conservadas,
Pessoas que só deixaram vestígios...
Quanto esforço e alegria,
Quanto método, quanta dor,
Medo e satisfação,
Demandaria tal escavação?
Com estratigrafia individual,
Sob camadas de tempo e cotidiano,
Muitos mundos,
Muitos eus...
Artefatos lembrados,
Sentimentos fossilizados,
Ocasiões bem conservadas,
Pessoas que só deixaram vestígios...
Quanto esforço e alegria,
Quanto método, quanta dor,
Medo e satisfação,
Demandaria tal escavação?
segunda-feira, 28 de março de 2011
O Músico
Sentou-se à beira do cais
Instrumento na mão,
Pôs-se a tocar;
A música espalhou-se pelo ar...
Dançaram as ondas,
Aos singelos acordes;
Os peixes dormiam,
Embalados no mar
Passavam devagar,
Os barcos, ao longe,
Apenas para escutar
Animadas gaivotas,
Em roda bailavam, a cantar;
Cabeleira escaldante sacudia
O Sol a rodar
Empolgadas nuvens trovejaram,
Derramando dilúvio,
E a Lua veio ver curiosa,
Jogando o Sol sobre o mar
A terra tremia,
Estrelas caíam;
O mundo acabava,
Allegro trovejando
Cansado o músico,
Instrumento calou
Tudo ficou no lugar
Instrumento na mão,
Pôs-se a tocar;
A música espalhou-se pelo ar...
Dançaram as ondas,
Aos singelos acordes;
Os peixes dormiam,
Embalados no mar
Passavam devagar,
Os barcos, ao longe,
Apenas para escutar
Animadas gaivotas,
Em roda bailavam, a cantar;
Cabeleira escaldante sacudia
O Sol a rodar
Empolgadas nuvens trovejaram,
Derramando dilúvio,
E a Lua veio ver curiosa,
Jogando o Sol sobre o mar
A terra tremia,
Estrelas caíam;
O mundo acabava,
Allegro trovejando
Cansado o músico,
Instrumento calou
Tudo ficou no lugar
quinta-feira, 17 de março de 2011
Quando a Guanabara era francesa...
Quando a Guanabara era francesa...
Ah!
Havia de tudo aqui,
Milhares de índios tupi,
Papagaio, arara, sagui,
Jaca, banana, abacaxi...
Havia uma cavaleiro de Malta,
Villegagnon chamado,
Guerreiro forte,
Hábil cruzado
Havia um forte,
Tão forte como não há,
Canhões e colonos,
Em Coligny
De todos os tipos,
Havia franceses:
Bandidos, operários,
Libertinos, religiosos,
Nobres e plebeus
Em religião,
Havia de tudo,
Thevet franciscano
E Richer pastor...
Mas entendimento...
Não!
Mais tout a changé
Fiers portugais,
Avec armes, épées,
Térribles soldats,
En bateaux arrivés
Feux,
Fumées,
Sang,
Canons,
Épées,
Térribles mêlées
À la fin,
Là, li,
Saint Sébastien,
Et plus de Coligny!
Quando a Guanabara era francesa...
Ah!
Ah!
Havia de tudo aqui,
Milhares de índios tupi,
Papagaio, arara, sagui,
Jaca, banana, abacaxi...
Havia uma cavaleiro de Malta,
Villegagnon chamado,
Guerreiro forte,
Hábil cruzado
Havia um forte,
Tão forte como não há,
Canhões e colonos,
Em Coligny
De todos os tipos,
Havia franceses:
Bandidos, operários,
Libertinos, religiosos,
Nobres e plebeus
Em religião,
Havia de tudo,
Thevet franciscano
E Richer pastor...
Mas entendimento...
Não!
Mais tout a changé
Fiers portugais,
Avec armes, épées,
Térribles soldats,
En bateaux arrivés
Feux,
Fumées,
Sang,
Canons,
Épées,
Térribles mêlées
À la fin,
Là, li,
Saint Sébastien,
Et plus de Coligny!
Quando a Guanabara era francesa...
Ah!

quarta-feira, 16 de março de 2011
Quando o Rio era francês...
terça-feira, 15 de março de 2011
Cygnus
Gracioso
Voa o cisne,
Sobre o pico nevado
Volteia elegante,
Pousa no lago
Branco acima
Reflete o céu,
Reflete a água
Branco abaixo
Neve nuvem,
Montanha lago,
Canta o cisne...
No céu gelado,
No lago gelado,
No mundo gelado,
Morre o cisne,
Gracioso
Voa o cisne,
Sobre o pico nevado
Volteia elegante,
Pousa no lago
Branco acima
Reflete o céu,
Reflete a água
Branco abaixo
Neve nuvem,
Montanha lago,
Canta o cisne...
No céu gelado,
No lago gelado,
No mundo gelado,
Morre o cisne,
Gracioso
domingo, 13 de março de 2011
Draco dormiens
Dragão nas trevas,
Dorme, sonha
No ventre da terra,
Caverna profunda
Olhos fechados,
Roncando troveja,
Se vira, aconchega,
Resmunga e sorri
Livre no céu,
Em seu sonho voa
Entre brancas nuvens,
No macio azul
Vento sente,
Gira e rodopia,
Mergulha e decola,
Livre, livre, livre!
Avista o alvo;
Embica, mergulha,
Veloz, invencível,
Ataca e abocanha
Ah, carne fresca,
Sangue quente!
O ventre empapuça,
Em morno prazer
Gordo e roliço,
Era um padre,
De macia carne,
De tanto rezar
Amém!
Grunhe a fera;
Rosna e decola,
Sorriso na fuça
Voa mais!
Mais contente,
Mais alto,
Mais acima,
Mais além...
Na alta montanha,
Estranho castelo
"Toca de homem..."
Pensa a besta
"Quero ver!"
Curioso e valente,
A bizarra caverna
Deseja entender
Voa perto,
Voa baixo,
Arisco, se arrisca,
Só para olhar
De repente...
Medo!
Pânico!
Pavor!
Certeiras, selvagens
As setas disparam
Homens armados,
Arqueiros valentes
Escama se rompe
E sangue jorra;
Fraqueja a fera,
Da altura cai
No chão se espatifa,
Com ruído e estrondo
Quebra a pata,
Não levanta mais
Homens... mais!
Cercam, espetam,
Com lança e espada:
Dor, dor, dor...
O olho se fecha,
Chora o dragão,
Urra sofrendo,
Agonia e terror
Se mexe, baba, acorda...
Nada de homem,
Espada, flecha ou lança...
Apenas a caverna,
E restos da janta!
Se ajeita, aconchega, dorme outra vez...
Dorme, sonha
No ventre da terra,
Caverna profunda
Olhos fechados,
Roncando troveja,
Se vira, aconchega,
Resmunga e sorri
Livre no céu,
Em seu sonho voa
Entre brancas nuvens,
No macio azul
Vento sente,
Gira e rodopia,
Mergulha e decola,
Livre, livre, livre!
Avista o alvo;
Embica, mergulha,
Veloz, invencível,
Ataca e abocanha
Ah, carne fresca,
Sangue quente!
O ventre empapuça,
Em morno prazer
Gordo e roliço,
Era um padre,
De macia carne,
De tanto rezar
Amém!
Grunhe a fera;
Rosna e decola,
Sorriso na fuça
Voa mais!
Mais contente,
Mais alto,
Mais acima,
Mais além...
Na alta montanha,
Estranho castelo
"Toca de homem..."
Pensa a besta
"Quero ver!"
Curioso e valente,
A bizarra caverna
Deseja entender
Voa perto,
Voa baixo,
Arisco, se arrisca,
Só para olhar
De repente...
Medo!
Pânico!
Pavor!
Certeiras, selvagens
As setas disparam
Homens armados,
Arqueiros valentes
Escama se rompe
E sangue jorra;
Fraqueja a fera,
Da altura cai
No chão se espatifa,
Com ruído e estrondo
Quebra a pata,
Não levanta mais
Homens... mais!
Cercam, espetam,
Com lança e espada:
Dor, dor, dor...
O olho se fecha,
Chora o dragão,
Urra sofrendo,
Agonia e terror
Se mexe, baba, acorda...
Nada de homem,
Espada, flecha ou lança...
Apenas a caverna,
E restos da janta!
Se ajeita, aconchega, dorme outra vez...
quarta-feira, 9 de março de 2011
Flagelorum mundi
Ignorância voluntária,
Superficialidade ansiada,
Ídolos ocos,
Best-sellers nas estantes,
Museus vazios...
Meu pesadelo,
Meu mundo...
Superficialidade ansiada,
Ídolos ocos,
Best-sellers nas estantes,
Museus vazios...
Meu pesadelo,
Meu mundo...
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