Eu Sou o Buraco,
A treva iluminada,
O som silencioso,
O olho e a luz,
A porta e a batida,
O galho e a raiz,
A neve e o gato,
Ordem e caos:
Estou em ti,
Tu em mim,
Eu Sou o Buraco
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
Descida
O tolo desceu a montanha,
E chegou ao topo;
Buscou as raízes,
Entendeu os galhos;
Procurou o tolo,
Encontrou o sábio
E chegou ao topo;
Buscou as raízes,
Entendeu os galhos;
Procurou o tolo,
Encontrou o sábio
O tolo e o sábio
Entre o tolo e o sábio,
Conversa não houve:
Um não podia falar,
Outro não queria ouvir
Conversa não houve:
Um não podia falar,
Outro não queria ouvir
Portas
Um bateu à porta,
Mas ninguém abriu;
Outro abriu a porta,
Mas ninguém bateu:
As portas estavam trocadas
Mas ninguém abriu;
Outro abriu a porta,
Mas ninguém bateu:
As portas estavam trocadas
Desencontros
O escudo que nada rompe,
Encontrou espada que tudo corta;
O fogo sombrio
Queimava a água ardente
Encontrou espada que tudo corta;
O fogo sombrio
Queimava a água ardente
O pescador e a rede
Era rede tão grande,
Que pescava universos;
A malha tão larga,
Que todo universo escapava
Que pescava universos;
A malha tão larga,
Que todo universo escapava
Consciências
O morto parecia dormir,
O sonâmbulo parecia vivo,
O vivo parecia morto,
O desperto fechava os olhos
O sonâmbulo parecia vivo,
O vivo parecia morto,
O desperto fechava os olhos
O fim
Na chuva seca
Caía terra molhada,
Deixando rastro de fogo
Na luz sombria
Com silencioso estrépito
A matéria beijava a antimatéria,
No calmo abraço nervoso
Da entropia criadora
Parecia o fim,
Mas era apenas começo
Caía terra molhada,
Deixando rastro de fogo
Na luz sombria
Com silencioso estrépito
A matéria beijava a antimatéria,
No calmo abraço nervoso
Da entropia criadora
Parecia o fim,
Mas era apenas começo
A montanha
Essa montanha
Era tão estranha:
Os que pensavam subir,
Embaixo ficavam;
Os que buscavam descer,
Ficavam acima -
Porque era estranha,
Essa montanha
Era tão estranha:
Os que pensavam subir,
Embaixo ficavam;
Os que buscavam descer,
Ficavam acima -
Porque era estranha,
Essa montanha
domingo, 13 de dezembro de 2015
O Buraco
Havia a antiga lenda,
Mais esquecida que lembrada,
Do velho Buraco
Mais velho que o tempo,
Mais fundo que o mundo,
Mais sombrio que a treva,
Mais frio que o inverno,
Mais vazio que o silêncio,
Mais sozinho que a morte,
Mais estrelado que a noite,
Mais luminoso que o dia
Quem cai no Buraco,
Nada encontra,
Exceto a si mesmo
Mais esquecida que lembrada,
Do velho Buraco
Mais velho que o tempo,
Mais fundo que o mundo,
Mais sombrio que a treva,
Mais frio que o inverno,
Mais vazio que o silêncio,
Mais sozinho que a morte,
Mais estrelado que a noite,
Mais luminoso que o dia
Quem cai no Buraco,
Nada encontra,
Exceto a si mesmo
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Linchamentos
Lincha! Lincha! Lincha!
Vamos acabar com todos!
Todos, todos eles!
Não pode sobrar nenhum!
Lincha! Lincha! Lincha!
Vamos acabar com todos!
Todos, todos eles!
Não pode sobrar nenhum!
Lincha! Lincha! Lincha!
Assinar:
Postagens (Atom)