terça-feira, 17 de maio de 2011

Visão

Olhei o passado infinito,

Em transe, sono, pesadelo,
Um mar sangrento
Rugia sem paz

De todo lado,
Flutuantes cadáveres,
Ruínas castigadas,
Por onda, vento, chuva

O sangue turbulento
Ruge, ruge, rouge
Açulado por mil carrascos,
Fantasmas da História

"Ô, peuple, Océan!"

Ásia e Europa,
América, África,
Oceania,
Sangram lágrimas

Átilas e Napoleões,
Hitlers e Bushs
Fulguram sinistros
Na noite sombria

Massacres religiosos,
Festins canibais,
Fogueiras de fé,
Brilham vorazes

Revolucionários e ditadores,
Resistentes e conquistadores,
Cruéis e malditos,
Gritam, matam, se devoram

O pesadelo horrendo
Me envolve,
Tortura, ilude,
Apavora

Olho para o alto:
Estrelas brilham
No Céu,
Mais infinito que o Oceano...

domingo, 8 de maio de 2011

Ea

Deus da água doce,
Senhor da sabedoria,
Me curvo humilde!

Aplaca-me a sede do corpo,
Aplaca-me a sede da alma!
Enche meus campos de vida,
E de sabedoria meu coração!

Xadrez

Guerra em branco e preto,
De quadriculada geografia
Soa o clarim...
Avançam peões,
Responde a cavalaria veloz!
Oblíquo manobra o bispo,
Cai logo a torre;
Sedutora ataca a rainha,
E xeque-mate!

sábado, 7 de maio de 2011

Foto antiga

Foto antiga,
Assombrada,
Cheia de cadáveres,
Espectros e fantasmas malsãos

Imagem de vampiros, parasitas,
Vorazes predadores,
Assassinos mascarados,
Satânicos anjos

Coberta de sorrisos fenecidos,
Amizades apodrecidas,
Sombras hipócritas,
Rictus cadavérico

Foto antiga,
Te conjuro!
Afasta-te daqui,
Queima no inferno,
Castiga em chamas as macabras aparências!

Sacrifica-te, foto esquecida,
No altar da sinceridade.